Em meio a seca severa, transposição divide NE
Moradores ao longo da obra no rio São Francisco alternam-se entre euforia e apreensão
A transposição do rio São Francisco, cujo eixo leste foi inaugurado com festa por MichelTemernestemês,éalvo de disputa política.
Aobramonumentaljácustou R$ 9,6 bilhões e tem sua paternidadereivindicadapeloex-presidenteLula,queem 2007 tirou a ideia do papel.
Mas, em paralelo à disputa política que marca a chegada das águas do rio aos canais e barragens da transposição, desenrola-se outra menos visível, entre as populações ao longo do trajeto da obra, atingidas pela seca mais severa em pelo menos 50 anos no Nordeste.
A reportagem da Folha percorreu 1.900 km de carro por quatro Estados (Paraíba, Pernambuco, Ceará e Bahia, os três primeiros na rota da transposição).
Na ponta que começa a receber a água do rio, o que se encontra são euforia e esperança de moradores.
À medida que se desce no mapa em direção à bacia do São Francisco, os relatos são de apreensão ou oposição.
“Está prejudicando o rio. A bomba está ligada o tempo todo puxando água, o nível é baixo e já está baixando mais”, diz o pescador José Aílton da Silva.