‘Popstars’, Feliciano e Bolsonaro estudam deixar legenda cristã
Com saídas, PSC perderia nomes que somaram quase 1 milhão de votos na eleição de 2014 para a Câmara
Parlamentar diz ter se incomodado com foto do presidente da sigla com o comunista Flávio Dino, governador do MA
Em 2014, o PSC (Partido Social Cristão) era uma festa. Na convenção da sigla, uma selfie reunia dois deputados, Marco Feliciano e Jair Bolsonaro, e o candidato à Câmara Dr. Rey. “Os dois maiores héteros e o homem que toca todas as mulheres [o cirurgião plástico Rey]”, bradava Feliciano.
Do trio, só Bolsonaro não era filiado ao PSC —ainda. Em 2015, ele trocou o PP pelo partido, que já abrigava o filho Eduardo, também deputado.
A festa acabou. Potenciais puxadores de votos da legenda, Bolsonaro e Feliciano já pensam no divórcio eleitoral (derrotado, Rey deixou a sigla).
Pré-candidato à Presidência com 9% das intenções de voto, segundo Datafolha de dezembro, o primeiro foi o deputado mais votado no Rio em 2014 (465 mil votos). O segundo ficou com a terceira melhor colocação em SP (398 mil).
Junto com o pai debandariam também três Bolsonaros. O primogênito Flávio se candidatou a prefeito carioca em 2016 e, mesmo com um quarto lugar, teve desempenho aci- ma do esperado (14%). O caçula Carlos virou o vereador mais votado no Rio. Há ainda o deputado Eduardo.
Bolsonaro pai se diz decepcionado com a aliança no Maranhão entre o PSC e o governo de Flávio Dino, do PC do B —o Partido Comunista do Brasil, que seria inconciliável com sua ideologia de direita.
Notícias da parceria foram ilustradas com foto do presidente do PSC, pastor Everaldo, com Dino e um retrato da então presidente Dilma Rousseff. Ao votar a favor do impeachment da petista, em abril passado, Bolsonaro homenageou o “pavor de Dilma”, o coronel Carlos Brilhante Ustra, que a torturou na ditadura.
A Folha apurou que Feliciano vê o PSC balançado e conversa com outros partidos. Questionado, ele só afirma que sua intenção é se candidatar ao Senado em 2018.
Segundo Bolsonaro, o PSC se arrisca a cair na “zona de rebaixamento” se a cláusula de barreira vingar. Refere-se à lei, em votação no Senado, que estrangularia partidos nanicos ao limitar dinheiro do fundo partidário às siglas incapazes de obter 2% dos votos totais para a Câmara. Em fevereiro, o PSC teve direito a R$ 1,5 milhão do fundo. (ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER)