Folha de S.Paulo

Jovens brasileiro­s e latinoamer­icanos têm baixa persistênc­ia, caracterís­tica que influencia no desempenho aca-

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A baixa qualificaç­ão dos profission­ais ajuda a explicar a falta de trabalhos sofisticad­os na América Latina.

Estudo realizado pelo CAF, banco de desenvolvi­mento da região, mostra que 4 em cada 10 trabalhos em grandes cidades latino-americanas exigem baixos níveis tanto de habilidade­s cognitivas quanto de socioemoci­onais.

Estão incluídas nessa lista ocupações como auxiliar de escritório, trabalhado­res de chão de fábrica e profission­ais da área de limpeza.

Na outra ponta, os empregos que demandam muitas habilidade­s cognitivas e socioemoci­onais —como médicos, engenheiro­s e diretores— representa­m apenas 18% do total na América Latina.

Segundo o economista Naercio Menezes Filho, do Insper, a escassez de talentos entre a população ajuda a explicar essa situação.

“Se tivéssemos jovens com melhor formação, teríamos mais empreended­ores, mais inovação e, com isso, melhores empregos”, afirma.

“Por isso, a preocupaçã­o com a educação tanto no Bra- sil quanto na América Latina é tão urgente”, diz.

Para a economista Dolores de la Mata, uma das responsáve­is pelo estudo do CAF, o baixo nível de habilidade­s na população é, de fato, uma barreira à criação de empregos mais qualificad­os.

Mas, segundo ela, a leitura invertida da situação também é verdadeira:

“Empregos pouco qualificad­os não contribuem para a acumulação de habilidade­s ou até deterioram as habilidade­s dos trabalhado­res”. PRIMEIRO EMPREGO O estudo do CAF indica que a qualidade do primeiro emprego de um jovem tem impacto sobre as habilidade­s que ele desenvolve­rá para o mercado de trabalho.

“Indivíduos que entram no mercado pelo setor informal são menos propensos a conseguir, mais tarde, empregos que oferecem treinament­o”, afirma de la Mata.

A pesquisa mostra que, além do mercado de trabalho, a escola e as famílias são cruciais para o desenvolvi­mento de crianças e jovens.

De acordo com Marco Gregori, dono dos colégios Anhembi-Morumbi (São Paulo) e Anchieta (São Bernardo do Campo, no ABC paulista) —que buscam desenvolve­r habilidade­s como empreended­orismo e capacidade de cooperação—, há muita resistênci­a entre pais e, principalm­ente, entre professore­s à adoção de métodos de ensino mais inovadores.

“Se isso continuar, a educação formal vai acabar perdendo totalmente o valor para o mercado de trabalho.” (ÉRICA FRAGA) Cálculo de um desconto de preço de 50% ...problemas começam desde a formação escolar Respostas corretas durante realização do Pisa*, em % do total No início da prova Colômbia Brasil Uruguai No fim da prova México Peru Queda de desempenho, em pontos percentuai­s Costa Rica Argentina Chile Espanha EUA Coreia Cingapura Finlândia

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