Folha de S.Paulo

LENDAS DO JAZZ

No centenário do gênero, Folha lança coleção com 30 livros-CD dos maiores nomes da música que serviu de trilha sonora para o mundo durante o último século

- THALES DE MENEZES

Neste ano, as primeiras gravações de jazz comemoram seu centenário. Música que valoriza o improviso, o instante único de comunhão entre seus artistas e seu público, nas apresentaç­ões ao vivo, o jazz é tão diverso e ao mesmo tempo tão universal que merece o maior número possível de seguidores.

A Coleção Folha Lendas do Jazz, que chega às bancas no próximo domingo, dia 26, vai reunir em 30 volumes os grandes nomes que construíra­m esse século musical.

Carlos Calado, crítico musical e colaborado­r da Folha que organizou a coleção e escreveu os textos com colabo- ração do jornalista e crítico Helton Ribeiro, explica que a seleção de astros para a série contempla representa­tividade e popularida­de.

“O desafio foi equilibrar nomes que são representa­tivos dos principais estilos, músicos mais conceituad­os, com artistas mais populares. Um exemplo é o Glenn Miller, sempre um nome controvers­o para a crítica”, destaca.

“Tem gente que nem o considerav­a um jazzista, mas ele fazia música para agradar, com um pé no jazz. Ele foi muito popular, um grande vendedor de discos, tem uma participaç­ão fundamenta­l no gênero”, explica Calado.

No próximo domingo serão lançado os dois primeiros volumes, que apresentam em li- vro e CD a cantora Sarah Vaughan e o pianista e bandleader Duke Ellington.

Cada um é boa amostra de dois tipos de artistas enfocadas no coleção: cantores, que têm uma conexão mais fácil com o público que ainda não conhece tanto o jazz, e os músicos e compositor­es revolucion­ários, que romperam com a música que se fazia para levar o jazz à frente.

Para Calado, a coleção não deixa de ser uma iniciação. “Já vi muita gente começar a se interessar por jazz ouvindo as cantoras, é uma maneira mais palatável e agradável de penetrar no universo do jazz. Sarah, Ella Fitzgerald, as outras que estão na coleção, todas têm um pé na canção popular. Pegam sucesso e dão sua interpreta­ção, com procedimen­tos do jazz.”

Ele ressalta que isso ainda está distante do improviso dos solistas, de uma gravação mais radical de bebop, o estilo que rompeu com formato tradiciona­l do jazz.

“E, com o bebop, estamos falando ainda dos anos 1940”, adverte Calado, reforçando que nas décadas seguintes houve idas e vindas no jazz, numa alternânci­a de momentos de ruptura com retomadas de estilos próximos de um som mais tradiciona­l.

Entre cantores envolvente­s, como Billie Holiday, Nina Simone e Louis Armstrong, e instrument­istas que recriaram os parâmetros da música, como Thelonious Monk, Miles Davis, John Coltrane e Bill Evans, a Coleção Folha Lendas do Jazz oferece CDs encartados nos 30 volumes com compilaçõe­s de sucessos ou um álbum completo de cada artista.

Muitas gravações selecionad­as são originais de gravadoras míticas especializ­adas em jazz, como Blue Note e Verve. Os volumes, ilustrados com fotos históricas, narram a trajetória de cada nome e listam livros, discos, DVDs ou filmes que ajudam o leitor a conhecer mais dos artistas.

Os livros, com capas feitas especialme­nte pela ilustrador­a Maria Eugenia, chegam às bancas a cada domingo. Veja nessa página todo o cronograma de lançamento­s e também as orientaçõe­s para a compra de toda a coleção.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil