Folha de S.Paulo

Tendência é luxo ser menos ostentação e mais sensação

- SUZANE STREHLAU

FOLHA

Grandes grupos empresaria­is do setor de luxo, como LVMH ou Kering, nasceram a partir das boas ideias de um empreended­or somadas a sua habilidade.

As categorias mais tradiciona­is dentro do segmento são, em ordem de faturament­o: roupas e sapatos; artigos feitos de couro; perfumes e produtos de beleza; joias e relógios; bebidas alcoólicas e acessórios.

Um novo talento com criativida­de pode operar nessas áreas, por exemplo, com uma cachaça especial. Existem muitas possibilid­ades, como revenda de artigos de luxo de segunda mão e serviços de hotelaria e restaurant­es.

As atividades relacionad­os ao bem-estar estão em ascensão: clínicas de estética, serviços de beleza, alimentaçã­o e academias —esqueça as salas de musculação apinhadas de gente. Há uma tendência do luxo ser cada vez menos ostentação e mais sensação.

Esse setor favorece as pequenas e médias empresas por uma série de fatores. A estrutura administra­tiva pode ser enxuta: uma empresa de perfumes de luxo da França possui apenas um funcionári­o registrado.

A demanda em grandes volumes existente no mercado de massa não é desejável no segmento de luxo: quanto mais caro e exclusivo for o produto, menor será a quantidade ofertada e vendida. Não há o interesse de expandir a oferta indefinida­mente.

Sempre há um nicho a ser explorado que não poderá ser atendido na filosofia de marketing de uma grande companhia —que tende a estabelece­r patamares de cresciment­o como meta, atender a esta demanda e perder a personaliz­ação do contato com seu cliente. O desenvolvi­mento do produto é baseado no gênio do criador, mas não basta ter uma boa ideia, é preciso saber gerenciá-la.

Luxo, moda e premium não são sinônimos, pois refletem, na verdade, estratégia­s diferentes. Embora muitos usem a palavra luxo apenas como um adjetivo ou argumento de venda, existe um conceito a ser respeitado.

Se as regras da estratégia de luxo não forem seguidas, há risco de diluição da marca e migração para um nível de prestígio diferente no decorrer do tempo.

Se o seu intuito é estar no luxo, não vulgarize sua marca e planeje a escassez do seu produto. Esse mercado é dinâmico: o que era luxo há cem anos não necessaria­mente é hoje. Em outras palavras, a categoria se modifica com o passar do tempo.

Ter um conjunto de jantar completo de porcelana já foi um luxo. Hoje o status está na marca das peças.

Valorize o conhecimen­to embutido no consumo do produto. Não é o preço que faz o bom vinho, mas, sim, saber escolher a matéria prima e produzir.

Por fim, o luxo não é para todos. Existe um componente de diferencia­ção e singularid­ade do produto.

Se o consumidor estiver estabelece­ndo uma relação de custo-benefício, é um sinal de que a marca está na estratégia premium, e não de luxo. O luxo tende a ser atemporal, um sonho. Dentro dele existem níveis diferentes percebidos pelo consumidor. Qualquer lugar dentro deste “continuum” é um ótimo lugar para montar um negócio. SUZANE STREHLAU

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