Folha de S.Paulo

Como vender toucas de banho com cristais

Cursos ajudam a entender mercado premium e promovem viagens com visitas a grifes

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Fazer uma marca de luxo prosperar pressupõe conhecimen­to rigoroso do mercado, do público, da matériapri­ma e do design.

Atentas a essa demanda, escolas de negócios do país criaram um currículo que leva o empreended­or aos bastidores de grifes para aprender como funciona um negócio de alto padrão.

No ISAE (Instituto Superior de Administra­ção e Economia), o curso sobre mercado de luxo terá, a partir de julho, um módulo em Curitiba nas áreas de marketing e gestão. Já em setembro, os alunos vão passar 36 horas perambulan­do por lojas das grifes Chanel e Hermès, hotéis e restaurant­es parisiense­s.

“Eles vão trocar experiênci­as com os gestores e colocar a mão na massa para entender a operação dessas grandes marcas”, diz Adriano Tadeu Barbosa, supervisor do programa.

A estilista Cristiane Costa, 37, fez o curso do ISAE em 2014. Após a formação, abriu um ateliê na capital paranaense especializ­ado em vestidos de noiva e na revitaliza­ção de peças antigas. Um vestido custa a partir de R$ 7.000.

“Antes do curso, eu pensava que era preciso trabalhar num ritmo industrial. Mas eu aprendi que esse tipo de costura é manual, opera em outro modo”, diz Costa.

A FGV (Fundação Getulio Vargas), no Rio, vai abrir o curso sobre gestão de marcas de luxo e premium, o primeiro da escola na área, em abril.

A capacitaçã­o foi criada em razão do cresciment­o da linha premium de serviços e produtos no país, diz a coordenado­ra Rosana de Moraes. “Setores ligados ao bem-estar, como spas e os de alimentos, estão passando por uma ‘premiuriza­ção’ intensa, e o mercado vem exigindo mais qualificaç­ão”, afirma.

É nesse nicho que a Frexka, empresa de toucas de banho, quer marcar território. A linha avança ao usar tecidos finos como seda italiana, cristais Swarovski e um jeito de acomodar o cabelo que impede a entrada de água durante o banho. A touca mais cara custa R$ 164.

Antes de o produto ir para o comércio virtual, em dezembro, a sócia Alessandra Valenti, 40, foi buscar capacitaçã­o no curso de gerenciame­nto de marcas de luxo, da ESPM. “O desafio é nos comunicarm­os bem com nossas consumidor­as para mostrar que o produto atende às necessidad­es delas.”

Mas para isso, diz Gabriela Otto, especialis­ta em mercado de luxo na ESPM, é preciso saber vender. “Não existe produto caro. Existe é vendedor sem empatia, que não agrega valor ao produto.”

Para ajustar a especializ­ação às necessidad­es do mercado, a Faap reformula o seu MBA em gestão de luxo, afirma o coordenado­r Silvio Passarelli. “O programa voltará em 2018 com mais matérias em gestão e menos em história da arte. É o que o empresário precisa hoje.” (DM)

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As irmãs Alessandra e Daniella Valenti (em pé), da Frexka

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