Folha de S.Paulo

Petista é réu em cinco ações, três na Lava Jato

- BRUNO BOGHOSSIAN

Não fossem os cabelos mais brancos e ralos, poderia ser o mesmo Lula do movimento sindical ou de suas primeiras campanhas.

Em um ato no sertão da Paraíba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se lançou na arena eleitoral de 2018 e atacou seus opositores por tentar impedir que ele volte a se candidatar ao Palácio do Planalto.

Depois de visitar um trecho concluído das obras de transposiç­ão do rio São Francisco, Lula disse estar disposto a “brigar nas ruas”, em referência à disputa eleitoral.

“Nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, mas sei que eles querem evitar que eu seja. Eles que peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque, se eu for, é para ganhar”, declarou o expresiden­te petista diante de milhares de pessoas que lotaram a praça central de Monteiro, no sertão da Paraíba, a 305 quilômetro­s da capital, João Pessoa.

Na semana passada, o presidente Michel Temer esteve no mesmo local, inaugurand­o o trecho leste da transposiç­ão —obra iniciada em 2007, na gestão do petista.

Foi o que motivou a reação de Lula. Ele subiu ao palanque ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, de governador­es, deputados e senadores aliados.

Em mais de uma ocasião, o ex-presidente fez menção indireta às suspeitas levantadas contra ele no âmbito de operações como a Lava Jato, apontando que esses processos têm o objetivo de minar sua candidatur­a.

“Estou à espera de um empresário me denunciar e dizer se tem R$ 1 na minha conta”, disse.

“Vocês sabem o que estão tentando fazer com a esquerda, o que fizeram com a Dilma e estão tentando fazer comigo. Se eles quiserem brigar comigo, vão brigar nas ruas, para que o povo possa ser o

DE SÃO PAULO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é réu em cinco ações penais, três das quais decorrente­s da Operação Lava Jato, acusado por crimes como corrupção passiva, lavagem e organizaçã­o criminosa.

Se for condenado em segunda instância até o pleito de 2018, ficará inelegível e não poderá concorrer. senhor da razão.”

Lula é réu em cinco ações penais. Se condenado em segunda instância, ele pode ser barrado pela Lei da Ficha Limpa e impedido de disputar eleições. A demonstraç­ão de apoio popular é entendida pelos petistas como escudo político.

Com um discurso inflamado, Dilma defendeu seu padrinho político e o lançou abertament­e à Presidênci­a em 2018.

Em um caso, Lula é acusado de tentar comprar o silêncio do delator Nestor Cerveró. Em outro, procurador­es dizem que a OAS pagou R$ 3,7 milhões em propina a Lula na reforma de um tríplex no Guarujá (SP) e no armazename­nto de bens após ter deixado a Presidênci­a.

Também é acusado de favorecer a Odebrecht em contratos em Angola em troca do repasse de R$ 30 milhões a um sobrinho da ex-mulher de Lula. Teria ainda recebido propina da Odebrecht para comprar um terreno, onde seria construída uma sede do Instituto Lula.

“Há um segundo golpe, que é impedir que candidatos populares sejam colocados à disposição do povo. O Lula é um desses candidatos. Vamos deixar o Lula se encontrar com a democracia”, declarou a petista. “No tapetão, não!”, bradou.

Lula e Dilma desembarca­ram na manhã de domingo em Campina Grande e seguiram em comboio até Monteiro, onde fizeram uma inauguraçã­o simbólica de um canal

Lula e Dilma atacaram o governo atual pela reforma da Previdênci­a. A ex-presidente chamou Temer de “cara de pau” por ter inaugurado o mesmo trecho da transposiç­ão e voltou a atacar o impeachmen­t.

“Até as pedras sabem que eu nunca cometi nenhum crime e que eles deram esse golpe para tirar os direitos que nós demos durante os nossos governos”, afirmou a ex-presidente.

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Moradores de Monteiro celebram obra da transposiç­ão

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