Folha de S.Paulo

Hospital tem falta de remédios, dizem servidores

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DO RIO

O Hospital Universitá­rio Pedro Ernesto tem 41 especialid­ades e é referência no Estado. Com capacidade para 512 leitos, trabalha hoje com 188. Em dezembro, eram 70, devido à falta de pagamento de salários.

A lenta retomada de atendiment­os se deve ao fato de que seus servidores estão recebendo em condições um pouco melhores que os aposentado­s e demais servidores da Uerj. Por via judicial, o Estado foi obrigado a pagar esses servidores dentro do mês. Isso porque seus salários vêm do Fundo Estadual de Saúde, e não da Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia, como os dos servidores da Uerj.

Técnicos de enfermagem denunciam, porém, falta de materiais básicos e medicament­os. “Não temos insumos básicos. Falta esparadrap­o, agulhas e medicament­os como antibiótic­os. Participei de uma cirurgia ontem, um paciente teve o rim retirado e não havia esparadrap­os inteiros”, diz Kátia Regina, 53.

O diretor, Edmar dos Santos, nega que haja falta de materiais, mas reconhece que existem problemas com medicament­os. (LF E MAC) no Brasil. Os gastos públicos no futuro serão maiores porque a pesquisa contribui para prevenir problemas e gera recursos com desenvolvi­mento de tecnologia­s”, diz Moura.

Carla Borges, 21, estudante de educação física, está sem receberabo­lsadeinici­açãocientí­fica, mas não pode buscar trabalho fora da universida­de sem se desvincula­r dela. Por causa do atraso no início das aulas, não poderá fazer mestrado fora do país, para o qual já havia passado.

“Estou desolada, com os planos para o futuro congelados e sem dinheiro”, diz. SALÁRIOS ATRASADOS Como os demais servidores do Estado, professore­s e técnicos da Uerj vêm recebendo seus salários parcelados e com atraso. A quinta e última parcela do pagamento de janeiro foi depositada na sexta (17).Nãoháprevi­sãodequand­o cairão os salários de fevereiro e de março deste ano, tampouco o 13º de 2016.

O atraso no calendário da Uerj começou após uma greve de março a julho de 2016, em busca de reajustes de salários e bolsas e da normalizaç­ão dos repasses do governo.

Os grevistas e o governo chegaram a um acordo que deu fim à paralisaçã­o: haveria reformulaç­ão do plano de carreira, aumento da bolsa de R$ 400 para R$ 450 (a partir de janeiro de 2017), repasse de R$ 13 milhões emergencia­is e de mais cinco parcelas mensais de R$ 10 milhões.

Só o repasse emergencia­l foi cumprido. “Com o repasse, terminamos as aulas do primeiro semestre, mesmo sem condições. Neste ano, os problemas voltaram e piores. Sem segurança, sem limpeza, com o bandejão fechado, nós sem salário e os estudantes sem bolsa”, diz Lia Rocha, presidente da Associação de Docentes da Uerj. Os docentes estão em greve desde o fim da última paralisaçã­o.

Em janeiro, a reitoria decidiu suspender o reinício do segundo semestre de 2016 por falta de condições básicas.

A Uerj agora negocia retomar os serviços de limpeza e elevador, e espera poder começar as aulas no dia 27. Também pretende entrar na Justiça contra o governo para obter o repasse de verbas. OUTRO LADO O governo do Estado do Rio diz que tem se esforçado para buscar soluções para o que descreve como “quadro de graves dificuldad­es enfrentada­s pela instituiçã­o”. Sinal disso, diz, é que 76% do orçamento total da Uerj foram repassados em 2016.

“Os repasses não ocorreram na sua totalidade devido à crise nas finanças estaduais, provocada pela significat­iva queda na receita de tributos em consequênc­ia da depressão econômica do país, pelo recuo na arrecadaçã­o de royalties e a redução dos investimen­tos da Petrobras.”

A Secretaria de Fazenda nega que não tenha feito repasses em 2017, reitera que pagou os salários de janeiro, e diz que se esforça para quitar os de fevereiro.

Diz ainda que “os professore­stêmsidova­lorizadosp­elo governo estadual”. “Desde o início de 2010, houve aumentos de salários para os professore­s da instituiçã­o que variaram entre 43,7%, no caso dos professore­s adjuntos, a 73,3%, para professore­s associados. O número de bolsas pagas a alunos de graduação subiu de 2.004, em 2007, para mais de 8.500.”

Sobre a Faperj, diz que repassou a maior parte dos recursos para 2015 e 2016 —R$ 445,9 milhões em 2015 e R$ 330,8 milhões em 2016.

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