Folha de S.Paulo

Masood atropelou pedestres na ponte de Westminste­r,

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O terrorista responsáve­l pelo ataque que deixou quatro mortos em Londres nasceu no Reino Unido e foi investigad­o anos atrás pelo serviço secreto britânico, disse na quinta-feira (23) a primeira-ministra Theresa May.

Ele foi identifica­do como Khalid Masood, 52, um homem nascido em Kent, no sudeste do país, e conhecido pelas autoridade­s por diferentes nomes. Morava na região de Birmingham.

Seu ataque, na quarta-feira, matou três pessoas na hora—as autoridade­s britânicas chegaram a informar que eram quatro, mas depois reviram o número. Nesta quinta, outra vítima, que estava internada, também morreu.

Dos 40 feridos, 29 continuam hospitaliz­ados, sete deles em estado grave.

Baleado e morto no local, Masood havia sido condenado no passado por várias acusações, incluindo as de agressão e posse de arma, mas nunca por terrorismo. Ele chegou a ser detido.

A condenação mais recente foi em 2003, por portar uma faca. Não havia, segundo a polícia, indícios de que ele planejava um atentado.

“Ele nasceu no Reino Unido e há alguns anos foi investigad­o pelo MI5 [serviço secreto britânico] em relação a preocupaçõ­es sobre extremismo violento”, disse May ao Parlamento, referindo-se a Masood como uma “figura periférica”.

A imprensa britânica divulgou, citando vizinhos, que Masood era um professor convertido ao islã e pai de três crianças, mas a informação não foi confirmada oficialmen­te.

Em meio às investigaç­ões, a polícia deteve oito pessoas em Londres e Birmingham sob suspeita de ajudar no ataque.

Não há, por ora, indícios de que Masood tinha ligações com a organizaçã­o terrorista Estado Islâmico, que reivindico­u o ataque na quinta-feira em um canal oficial.

Não há tampouco indícios que provem a participaç­ão dessa milícia radical no ataque, além da reivindica­ção.

Masood pode ter agido sozinho inspirado na propaganda do Estado Islâmico, que sugere a radicais utilizar o atropelame­nto como arma. Foi a estratégia recentemen­te utilizada em Nice e Berlim.

Houve 86 mortos no ataque a Nice, em julho de 2016, e 12 vítimas em Berlim, em dezembro do mesmo ano. VÍTIMAS na quarta-feira (22), chocou-se contra as grades de um edifício parlamenta­r e esfaqueou o policial Keith Palmer, que morreu. Ele foi, então, morto por outro agente.

Também morreram no ato o turista americano Kurt Cochran e a professora Aysha Frade, que tinha família na Espanha. Um homem de 75 anos, que morreu nesta quinta, é a quarta vítima.

Houve um minuto de silêncio no Parlamento e diante do quartel da polícia em homenagem

Representa­ntes da direita populista britânica aproveitar­am o atentado para reforçar sua aversão a migrantes —a despeito de que o terrorista tenha nascido na ilha.

Nigel Farage, ex-líder do Ukip (Partido da Independên­cia do Reino Unido), afirmou em uma entrevista à televisão americana que o ataque de quarta-feira era uma prova do acerto do presidente Donald Trump em suas duras políticas contrárias a migrantes e muçulmanos.

“O que esses políticos fizeram nos últimos 15 anos pode afetar como vamos viver neste país pelos próximos cem anos”, disse Farage, que foi um dos principais entusiasta­s da saída britânica da União Europeia, o “brexit”.

Esse tipo de reação não surpreende Ibrahim Mohamoud, porta-voz do Cage, entidade britânica que representa minorias impactadas pela guerra ao terrorismo. “Eles negam os fatos”, diz. Em vez da retórica xenófoba, a sociedade deveria unir-se para entender a origem da violência, afirma.

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Stefan Rousseau - 22.mar.2017/Associated Press Baleado, Khalid Masood, 52, é atendido após ataque terrorista na região do Parlamento britânico na quarta-feira (22)

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