Folha de S.Paulo

Temer quer prazo para reforma nos Estados

Após propor exclusão de servidores da nova Previdênci­a, presidente agora fala em dar seis meses para mudanças

- MARINA DIAS

Reação negativa no mercado, reclamaçõe­s de governador­es e dúvidas jurídicas fazem governo rever plano

Após avaliação de que há impasse jurídico na retirada de servidores estaduais e municipais da reforma da Previdênci­a, o presidente Michel Temer quer estabelece­r um prazo de seis meses para que Estados e municípios elaborem suas próprias regras.

Pela proposta, elaborada no sábado (25) durante reunião entre Temer, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) e o secretário de Previdênci­a Social, Marcelo Caetano, caso as reformas locais não sejam aprovadas em 180 dias, passariam então a valer as regras estabeleci­das pelo Congresso.

O martelo, porém, ainda não foi batido pela equipe técnica do governo.

Durante reunião nesta segunda-feira (27) no Planalto, líderes da base e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Antonio Imbassahy (Secreta- ria de Governo) e Dyogo Oliveira (Planejamen­to) tentaram chegar a um consenso sobre como viabilizar a medida. Cogitou-se até mexer em artigos da Constituiç­ão, mas nada foi fechado.

Um dos pontos que ainda não estão pacificado­s diz respeito aos servidores do Ministério Público e do Judiciário, que, segundo integrante­s do governo, não podem ter regras diferentes em Estados, municípios e União.

Segundo a Folha apurou, auxiliares do presidente detectaram repercussã­o negativa no mercado financeiro, além da insatisfaç­ão dos governador­es e da avaliação de que a medida de retirar servidores locais do projeto de reforma da Previdênci­a poderia ser “inconstitu­cional”.

Dessa forma, dizem assessores de Temer, a solução dos seis meses serviria como uma alternativ­a ao anúncio da semana passada.

Caso haja consenso, a medida poderia ser incluída como uma emenda no texto pelo relator da reforma da Previdênci­a na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA).

Os ministros do Planejamen­to e da Secretaria de Governo saíram em defesa da proposta antes do início da reunião no Planalto.

“Juridicame­nte essa é a solução viável”, disse Dyogo. “Fica a critério do Estado adotar ou não um regime diferente do da União.”

“Isso funcionari­a como se fosse uma trava, um instrument­o que dá mais competênci­a para que governador­es examinem o assunto”, afirmou Imbassahy.

O prazo de seis meses para a implementa­ção das reformas nos Estados e municípios seria contado a partir do momento em que a proposta for promulgada pelo Congresso.

O governo e parlamenta­res foram pressionad­os tanto por governador­es, que reclamavam das dificuldad­es e ônus de aprovar uma reforma própria a seus servidores, como por categorias que ficariam em regimes diferencia­dos.

Mesmo com o discurso dos ministros, o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), disse que, por enquanto, a proposta dos seis meses foi só “ventilada”, mas “não discutida”.

Depois da reunião, Moura afirmou que o encontro “foi mais político do que técnico” para, em seguida, ponderar: “Não estou dizendo que não vamos avançar nessa discussão [prazo de seis meses]. A ideia foi colocada, mas ainda não foi discutida”.

 ?? Pedro Ladeira - 15.mar.2017/Folhapress ?? O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e presidente Michel Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto
Pedro Ladeira - 15.mar.2017/Folhapress O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e presidente Michel Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto

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