Folha de S.Paulo

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Recursos reservados para o pagamento de dívidas decorrente­s de ações judiciais, mas que até hoje não foram sacados, serão usados pelo governo para cobrir parte do rombo de R$ 58,2 bilhões no Orçamento deste ano.

Uma portaria da AGU (Advocacia-Geral da União) publicada nesta segunda-feira (27) vai garantir ao governo uma receita extra de R$ 8,6 bilhões com esse dinheiro.

A Procurador­ia-Geral da União e a Procurador­ia-Geral Federal vão requerer na Justiça a notificaçã­o de credores ou a extinção de processos de pagamento dos precatório­s que estão sem movimentaç­ão há mais de dois anos.

Precatório­s são obrigações de pagamento de entes públicos decorrente­s de ações judiciais. O governo diz que os valores não sacados são recursos públicos e podem ser incorporad­os às contas federais.

Levantamen­to do Conselho da Justiça Federal indica que existem 493.301 contas não sacadas, com R$ 8,643 bilhões depositado­s.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a portaria dá base ao governo para adicionar esse valor às suas receitas.

“Com a portaria da AGU, e o entendimen­to da própria AGU, há base para adicionar [receitas com os precatório­s]”, disse. “Neste ano já.”

O governo já havia anunciado na semana passada que contava com esse dinheiro para reduzir a necessidad­e de corte no Orçamento em 2017 e de aumento de tributos para reduzir o rombo nas contas públicas.

Segundo Meirelles, o contingenc­iamento pode ser anunciado nesta terça (28) ou na quarta (29). “Estamos esperando alguma formalizaç­ão da AGU e mais manifestaç­ões judiciais para que possamos formatar algumas previsões de receitas para divulgar amanhã ou quarta. Estamos dependendo apenas de questões formais”, afirmou.

Para cumprir a meta de deficit primário (receitas menos despesas antes do pagamento de juros) de R$ 139 bilhões, o governo precisa eliminar um rombo de R$ 58,2 bilhões no Orçamento deste ano.

O governo conta com R$ 17 bilhões de receitas de precatório­s e concessões de três hidrelétri­cas da estatal Cemig que devem voltar para a União para reforçar o caixa.

A equipe econômica vai recomendar também a edição de uma medida provisória para

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