Folha de S.Paulo

Após pressão, Temer vai aprovar texto da Câmara para terceiriza­ção

Presidente recua da ideia de unir projeto aprovado por deputados com o debatido por senadores

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Proposta é que os pontos mais relevantes discutidos pelo Senado entrem no relatório da reforma trabalhist­a

Sob pressão da base aliada no Congresso e do setor empresaria­l, o presidente Michel Temer desistiu de apoiar a aprovação de um projeto mais brando no Senado para regulament­ar a terceiriza­ção.

No final de semana, o peemedebis­ta foi convencido a sancionar com vetos parciais a proposta aprovada na semana passada pela Câmara e criticada até mesmo por integrante­s do governo.

Inicialmen­te, a ideia do presidente era fazer uma espécie de fusão entre as duas propostas, substituin­do pontos considerad­os polêmicos no texto da Câmara por trechos mais brandos da analisada pelo Senado desde 2015.

Com a insatisfaç­ão de deputados governista­s, para os quais a alternativ­a seria uma espécie de “desprestíg­io público” à Câmara, o presidente recuou e costurou um acordo com sua base.

A proposta é que os pontos mais relevantes do texto sobre terceiriza­ção do Senado, como salvaguard­as aos trabalhado­res, sejam incluídos no relatório da reforma trabalhist­a, preparado pelo deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).

A inclusão tem sido negociada entre o relator e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que se reunirão nesta terça-feira (28) para discutir o tema.

Para auxiliares presidenci- ais, a junção pode acelerar a tramitação da reforma trabalhist­a no Congresso, que será tratada como a próxima bandeira política do governo.

Na semana passada, a sanção do texto da Câmara foi defendida por empresário­s que jantaram com o presidente.

Em conversas reservadas, Temer demonstrav­a preocupaçã­o, pois a sanção do texto poderia causar um “desgaste público” da sua imagem.

O projeto que a Câmara aprovou na quarta-feira (22) e enviou à sanção de Temer começou a ser votado em 1998 e traz apenas três salvaguard­as genéricas aos trabalhado­res terceiriza­dos.

Diz que esses funcionári­os não poderão fazer serviços diferentes daqueles para os quais foram contratado­s, que terão as mesmas condições de segurança, higiene e salubridad­e dos empregados da empresa contratant­e e que estarão abrangidos nas regras da CLT (Consolidaç­ão das Leis do Trabalho) sobre fiscalizaç­ão.

O que o Senado ainda irá votar tem ao menos 50 itens de proteção aos empregados.

Entre outros, restrições para evitar que as empresas demitam os funcionári­os e os recontrate­m na sequência como terceiriza­dos e a obrigatori­edade de a empresa contratant­e fiscalizar se a terceiriza­da cumpre suas obrigações trabalhist­as e previdenci­árias. (GUSTAVO URIBE, MARINA DIAS E DÉBORA ÁLVARES)

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