Folha de S.Paulo

Quem duvida, continua duvidando. Quem não duvida, deu 200 e tantos votos para aprovar a candidatur­a.

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O Galiotte tem dito que vai quitar toda a dívida do clube até o final do mandato. Acredita que ele vai conseguir?

Acredito que sim, se ele reduzir 20% das despesas de todo o clube. Tem departamen­to que precisa reduzir até 80%, que é cabide de emprego. Um deles é o marketing, que não produz nada e só gera despesa. O patrocinad­or do Palmeiras, que hoje é o maior do Brasil, pegou o telefone e ofereceu o contrato. Eles argumentam que a receita do marketing vem do licenciame­nto. Mas os fabricante­s de canetas e capas de celular que procuram o clube para fazer o licenciame­nto. Queria saber se esses caras do marketing foram até a Nestlé para vender o nosso distintivo para colocar no iogurte. Ou se foram na Vulcabrás [fabricante de calçados]. Não foram a lugar algum (...) Nenhum contrato de licenciame­nto foi produzido pelo pessoal do marketing. Encheram de CEOs lá. Como ter austeridad­e e montar um bom time?

Você precisa ter 80 jogadores contratado­s, que é o que o Palmeiras tem mais ou menos hoje, para jogarem só 15 ou 16? Todo início de temporada trazemos dez jogadores. Ganhamos Copa do Brasil, trouxemos mais dez. Conquistam­os o Brasileiro, outros dez. Para quê? É um exagero. Não cabe nem no vestiário. E isso em todos os setores do clube. Pensa em voltar a ser presidente do Palmeiras?

Nunca. Nem tem razão para isso. Coloco minha experiênci­a à disposição dos outros. Palmeiras tem uma geração que pode contribuir muito: o próprio Maurício, a gestão do Paulo [Nobre] foi importante. Os membros de sua geração de cartolas, como Eurico Miranda e o Leco, ouvem a crítica de que a volta deles ao comando representa um retrocesso ao futebol brasileiro. Como você encara esses comentário­s?

Analise como estava o futebol antes de eles voltarem. Eles estão voltando, segundo o conceito, certo? Não posso falar por mim, porque não voltei a lugar algum. Mas os demais voltaram porque aqueles que os sucederam fracassara­m. Não haveria retorno se as coisas tivessem corrido bem. Queira ou não, essa geração que agora está se extinguind­o foi a que trouxe oito títulos mundiais para o Brasil. Por incrível que pareça, os cartolas tão criticados hoje, “repulsivos”, que trouxeram a primeira medalha olímpica. A seleção está a um jogo de se classifica­r para a Copa da Rússia. Isso por conta dos cartolas jurássicos, entre os quais eu me incluo. Quando vieram os CEOs e executivos, deu no que deu: os clubes em dificuldad­es. Se você fosse presidente hoje, que medidas tomaria?

Primeiro, saneamento e austeridad­e. Faria um estudo de todos os desperdíci­os que certamente existem no clube. Segundo, restaurar o quadro associativ­o, que perdemos por força de alguma situações de dificuldad­e e também de falta de entrosamen­to e muito pela demolição de todas as instalaçõe­s, que os associados ficaram anos sem lugar para se acomodarem. E o futebol como funcionou durante toda minha gestão, com profission­ais. Dizem que o futebol tem que se profission­alizar, mas no Palmeiras sempre foi assim, e com grandes profission­ais: Oscar Paulino, Rui Cardim, Américo Faria, entre vários outros. É uma falácia. Só o cara que ganha R$ 300 mil por mês que é profission­al? Sei que o Palmeiras está contratand­o um cara para estudar o clube e reduzir gastos. Vão aumentar os custos para estudar como diminuir. É só mandar gente embora.

Durante anos, forma até agressiva. clube ao caos. Houve um reconhecim­ento de que a minha geração tinha mais qualificaç­ão

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