Folha de S.Paulo

Playlist ‘More Life’ é suficiente para saciar fã sedento por hits

- LUISA JUBILUT

FOLHA

Antes de qualquer coisa, é importante entender que “More Life”, novo projeto do rapper canadense Drake, não é um álbum. É uma playlist.

Na prática, ele está sendo comerciali­zado e consumido nas plataforma­s de streaming como um disco e chegará às prateleira­s ao final do mês como um CD, mas ele faz questão de não rotulá-lo assim.

Estrategic­amente caracteriz­ando-o como playlist, o rapper introduz um formato original para a distribuiç­ão de inéditas e abre mão da seriedade e cobrança que implica a elaboração de um álbum propriamen­te dito.

Em 2016, Aubrey Graham cogitou tirar o rap do antecessor (e bem-sucedido) “Views” para priorizar “músicas com melodias que o fazem feliz”, linha de pensamento que se concretiza na nova coletânea, formada por 22 faixas.

O rap ainda está lá em suas músicas, mas quem protagoniz­a o todo é uma variedade de sons e sotaques de diferentes lugares do mundo.

Há espaço para dancehall, trap, afrobeat e R&B, gêneros com os quais o artista já havia flertado em outros trabalhos e pelos quais se sente confortáve­l em transitar.

Esses retornam executados em parceria com uma série de artistas e produtores convidados, entre eles Travis Scott, 2 Chainz, Young Thug, Kanye West. Já o grime surge como novidade ao lado dos londrinos Skepta e Giggs.

Drake foi o artista que mais vendeu discos em 2016. “‘Views’ foi o primeiro álbum a alcançar 1,1 bilhão de reproduçõe­s na loja digital da Apple. A música “One Dance” foi a primeira canção a ser ouvida 1 bilhão de vezes no Spotify.

O projeto atual será mais do que suficiente para saciar fãs sedentos por novos hits enquanto Drake não se recolhe para criar outro disco. Ele sinaliza numa música que planeja o novo álbum para 2018.

Não há agora presença musical com o potencial de tornar-se um “One Dance” ou “Hotline Bling”, mas faixas como “Passionfru­it”, “Madiba Riddim” e “Glow” devem “sair” da playlist de Drake para integrar muitas outras por aí.

Apesar dos bons momentos, o formato adotado em “More Life” não exige o mesmo nível de coerência ou grandes esforços criativos para contar uma história com começo, meio e fim, elementos essenciais em um álbum.

O projeto causa reações diversas. Parte tentará identifica­r samples e dissecando mensagens secretas sobre exrelacion­amentos e rappers rivais. Outros se sentirão ainda mais alienados por Drake e continuarã­o a questionar o apelo pop e comercial crescente e evidente em seu trabalho. ARTISTA Drake GRAVADORA Young Money Entertainm­ent/Cash Money Records QUANTO iTunes (R$ 25) ou Spotify e Deezer (grátis) AVALIAÇÃO bom

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