Sob ataques de Cunha, presidente deseja ‘a maior felicidade’ a ex-aliado diretamente com ele.”
DE BRASÍLIA
Acusado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de não ter dito a verdade sobre um encontro em que se discutiu apoio financeiro ao PMDB, o presidente Michel Temer desejou nesta quintafeira (20) a “maior felicidade” para seu ex-aliado peemedebista, preso em Curitiba.
Na saída de um evento no Palácio do Itamaraty, o presidente foi questionado sobre as ameaças do ex-presidente da Câmara de fazer uma delação premiada que implicaria a cúpula do Planalto.
“Eu não digo nada sobre isso e desejo a maior felicidade para ele”, respondeu.
Em carta escrita de próprio punho da cadeia, um dia depois de Temer ter concedido entrevista na qual falou sobre a Lava Jato, Cunha disse que Temer “se equivocou nos detalhes” relatados por ele.
Segundo Cunha, foi agendado diretamente com o presidente encontro, em 2010, no qual um ex-executivo da Odebrecht afirmou ter negociado propina para o PMDB.
O presidente havia confirmado a existência da reunião, realizada em seu escritório político em São Paulo, mas negou que nela tenham sido discutidos valores ou acertos escusos. Também negou, em entrevista à Band, no sábado (15), ter sido responsável por agendar a reunião.
Na carta, Cunha, no entanto, diz: “A referida reunião não foi por mim marcada. O fato é que estava em São Paulo, juntamente com Henrique Alves e almoçamos os três juntos no restaurante Senzala, ao lado do escritório político dele, após outra reunião e fomos convidados a participar dessa reunião já agendada IMPEACHMENT Na mesma carta, distribuída pelo ex-deputado a interlocutores, ele afirma ainda que a decisão de abrir o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff foi discutida previamente com Temer.
O atual presidente sempre negou qualquer participação em articulação para a queda de Dilma, de quem era vice.
Em março, Cunha foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelo juiz Sergio Moro pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.
Desde então, o Palácio do Planalto tem recebido sinais de que ele poderá fechar um acordo de delação premiada e, com isso, prejudicar o presidente.
(GUSTAVO URIBE)