Folha de S.Paulo

Gigante do varejo renegocia com bancos

Máquina de Vendas, fruto da fusão entre Ricardo Eletro e Insinuante, tenta melhor perfil de dívida de R$ 1,5 bi

- JOANA CUNHA

Terceiro maior grupo varejista do país, empresa fechou neste ano 112 lojas e revê gastos administra­tivos

Atingida pela recessão, a Máquina de Vendas, terceira maior varejista de eletrodomé­sticos brasileira, voltou a se sentar com o maiores bancos do país nas últimas semanas para negociar uma nova mudança no perfil de sua dívida, que já havia passado por um processo de reestrutur­ação em 2016.

Na terça-feira (18), executivos da empresa também se reuniram com represente­s de seus fornecedor­es na indústria —com os quais também negocia alongament­o de prazos— para transmitir uma mensagem de otimismo diante dos novos rumos.

A Máquina de Vendas ingressou em 2016 com uma dívida de R$ 2,2 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão vencendo no próprio ano. Sem condição de pagar, renegociou com credores e reduziu a dívida para R$ 1,5 bilhão com emissão de uma debênture (título de dívida) em novembro.

Após a reestrutur­ação, a dívida de curto prazo caiu de 49% para 4% do montante devido. Para dar fôlego à empresa, a dívida renegociad­a no ano passado agora só começará a vencer no fim do ano que vem.

Apesar dessa melhoria no perfil da dívida, o montante ainda é considerad­o pesado pela cúpula da empresa, num país como o Brasil, em que os juros são muito pesados, exigindo um patamar de rentabilid­ade bastante alto para pagar o serviço da dívida.

A empresa começa agora a discutir com bancos credores como Itaú e Bradesco a possibilid­ade de ter uma estrutura de dívida em que os bancos pudessem participar do retorno obtido na operação.

Executivos envolvidos no processo dizem trabalhar com expectativ­as de que a empresa ganhará valor no curto prazo, mas descartam a possibilid­ade de que os bancos assumam a empresa, até por impossibil­idades regulatóri­as.

Uma das ideias —que está fora de cogitação no curto prazo— seria encontrar um novo sócio minoritári­o em um ou dois anos, quando o mercado brasileiro voltar a atrair investidor­es interessad­os no setor. ENFERMARIA No ano passado, também foi colocado em prática um plano de unificação da empresa, que chegou a ter cinco bandeiras, fruto de uma sequência de aquisições que ela veio realizando nos últimos anos, desde que se formou a partir da união entre a varejista mineira Ricardo Eletro e a baiana Insinuante, em 2010.

A fusão havia levado à formação de uma companhia difícil de gerir, com escritório­s espalhados por muitos Estados e mais de 30 centros de distribuiç­ão.

Hoje, ela tem cerca de R$ 1 bilhão de gastos com compras indiretas, como energia e aluguel. Nessa frente, também passa por um esforço para renegociar contratos, rever gastos administra­tivos e da cadeia logística.

Desde o início do ano, a Máquina de Vendas já fechou três centros de distribuiç­ão. Pretende encerrar outros três antes do fim de 2017 para ficar com apenas cinco.

Também fechou 155 lojas no ano passado. Neste ano, já foram outras 112, chegando às atuais 701 unidades no país. Ainda há 90 lojas que são tratadas internamen­te na empresa como “enfermaria”. Se não reagirem até o segundo semestre, são candidatas ao fechamento.

Com todas essas mudanças, a ideia é desenvolve­r um negócio mais enxuto até o fim de 2018. A empresa, que já alcançou faturament­o de R$ 9 bilhões em 2014, fechou o ano passado com R$ 6,3 bilhões.

Procurada, a companhia não quis se manifestar. FATURAMENT­O R$ 6,3 bi NÚMERO DE LOJAS 701 CONCORRENT­ES Magazine Luiza, Casas Bahia

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Claudio Belli - 1º.dez.16/“Valor”/Folhapress Pedro Magalhães, diretor financeiro, e Ricardo Nunes, presidente e fundador do grupo varejista Máquina de Vendas

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