Folha de S.Paulo

Ria melhor eles terem coragem de dizer: ‘Vamos dar o segundo golpe neste país’”.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta quarta-feira (26) um aceno público em direção à abertura de diálogo com seu antecessor no Planalto, o tucano Fernando Henrique Cardoso.

“Eu fiquei muito agradecido quando ele foi me visitar no hospital e acho que há um espaço para conversar sobre reforma política. E também discutir sobre economia, não tem problema”, afirmou o petista em entrevista ao SBT.

Lula refutou, no entanto, a possibilid­ade de aproximaçã­o com o presidente Michel Temer (PMDB). “A forma como ele chegou ao governo não condiz, inclusive, com as conversas que tive com ele.”

Desde a visita de FHC e Temer ao petista, durante a internação da ex-primeira dama Marisa Letícia, em fevereiro deste anos, auxiliares do trio admitem a possibilid­ade de conversas entre eles.

Há duas semanas, a Folha mostrou que, diante do avanço da Operação Lava Jato, os três passaram a articular um pacto por sobrevivên­cia política na eleição de 2018.

Na entrevista, o petista disse também que não vai fazer “nenhum acordo sobre a La- va Jato”. “Se tiver de ter reunião entre os políticos, tem de ser os presidente­s dos partidos que puxem, é para discutir reforma política”.

Se o país seguir com a lógica de “desmoraliz­ação dos partidos”, continua, o resultado é “fascismo e nazismo”.

Lula afirmou também que, “obviamente”, na “situação que está”, será candidato à Presidênci­a no ano que vem. “E vou dizer mais. Eu, agora, quero ser candidato.”

Se, for impedido pela Justiça de disputar as eleições por causa de uma possível condenação em segunda instância na Lava Jato, diz, “se- BARGANHA Lula afirmou também que não topa a “barganha” do juiz Sergio Moro, que indicou que — caso o petista aceite reduzir o número de 86 testemunha­s de defesa apresentad­as em uma das ações da Lava Jato —, pode desistir da ideia de obrigá-lo a acompanhar todos os depoimento­s.

“Não tem barganha. Se o juiz Moro fez essa proposta de barganha, para dizer que assim não exigirá minha presença, para mim não tem pro- blema. Se for preciso eu mudo para Curitiba e fico lá o tempo necessário para esperar o julgamento”, disse.

Em outra frente que o atinge na Lava Jato, o ex-presidente saiu em defesa de seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que negocia delação premiada e pode mencioná-lo na colaboraçã­o. “Palocci é meu amigo, fundador do PT, uma das maiores inteligênc­ias políticas do país.”

Ele disse que não se preocupa com a possibilid­ade de Palocci se tornar delator e afirmou que citar seu nome já se tornou uma condição “sine qua non” para que uma colaboraçã­o seja aceita. “Se tudo que eu tenho que fazer pra sair [da prisão] é alguma futrica contra o Lula, eu vou delatar até a mãe”, afirmou.

Lula também contestou afirmações feitas por Emilio Odebrecht, patriarca da empreiteir­a baiana, em seu acordo de delação premiada, de que tratou de recursos para campanhas com o petista.

“Duvido que o Emílio tenha em algum momento conversado comigo sobre dinheiro de campanha. Se você estabelece relação de pedir recurso para empresário, você cria uma relação de promiscuid­ade”, afirmou.

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Ricardo Stuckert O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, que foi ao ar no SBT nesta quarta JUDICIÁRIO

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