Mudança em kits dará autonomia a escolas, diz gestão
bolso para comprar materiais, o que não é correto”, diz. “Não tem como realizar o projeto pedagógico dessa forma.”
Na escola dela, os alunos também não haviam recebido o material escolar individual até a semana passada. Estudantes da escola de ensino fundamental Prof. Primo Pascoli Melaré, também na zona norte, não receberam nada até agora, reclamam pais.
Moradora do Jardim dos Francos, a diarista Siderlene Chagas da Cruz, 39, diz que teve de parcelar os R$ 280 que gastou com o material da filha. “Os dois que estudam na escola estadual receberam. A minha filha que está na escola da prefeitura, não. Então, tive que comprar”, diz.
Siderlene diz que nem todas as mães tiveram dinheiro para o gasto extra e que ainda há crianças sem material.
O presidente do Sinesp (sindicato dos especialistas de educação municipal de São Paulo), Luiz Ghilardi, reforça o alarme para a situação. “Como pode fazer educação desse jeito? As escolas estão no sufoco, até agora não há material nem dinheiro.” KITS COLETIVOS A entidade realiza a cada ano uma pesquisa com profissionais da educação municipal. Na última sondagem, divulgada em julho de 2016, 86% dos professores haviam dito que o material entregue já era insuficiente. “As escolas é que deveriam escolher os materiais de acordo com seus projetos pedagógicos”, ressalta o presidente do sindicato.
Comparando a nova relação de materiais definida por Doria com a lista anterior, uma creche de grande porte, que receberia 3.158 unidades de itens como papel, tinta e pincéis, passará a ter 1.634 unidades, queda de 48%. Já o lote para pré-escola sairá de 3.981 unidades para 1.616, redução de 59%. Com isso, professores acostumados a usar 48 pincéis atômicos terão que se virar com 24. As 50 unidades de cola viraram 15.
DE SÃO PAULO
A gestão João Doria (PSDB) afirma que vai reformular o modo de entrega dos materiais e que muitas escolas criavam “estoques desnecessários”. A administração afirma ainda que vai adotar um kit base para todas as escolas.
“Estas devem complementar esses kits conforme seu projeto pedagógico e com materiais de sua preferência, adquiridos pelos recursos do Programa de Transferência de Recursos Financeiros”, afirma nota da prefeitura.
A ideia é descentralizar a escolha dos materiais, dando mais autonomia às escolas municipais, diz a gestão.
A pasta da Educação afirma aguarda a liberação da verba, que já foi solicitada à Fazenda municipal. Estão previstos dois repasses.
O comunicado afirma não ser possível falar em corte porque a gestão passada não chegou a enviar os kits em 2016, que devem ser enviados no segundo semestre. O custo previsto dos materiais será de R$ 4 milhões.
Segundo a gestão, “a readequação no quantitativo ocorreu porque cobrirá apenas um semestre na escola, ao invés de um ano, como acontecia antes”.
A prefeitura promete dialogar com professores e aumentar os kits a partir de 2018. A administração nega atraso no material entregue aos alunos. “Os kits de material escolar começaram a ser entregues em 21 de fevereiro. A distribuição já terminou nos CEIs e EMEIs. No caso das EMEFs, a entrega dos kits de material escolar está prevista para terminar no final de abril”, afirma o comunicado.
Segundo a pasta, os kits para a Emei Porto Nacional já chegaram. Já a entrega na Emef Professor Primo Pascoli Melaré estava prevista para o início da semana —mães de alunos dizem que os kits não chegaram.
A reportagem não conseguiu contatar o secretário de Educação da gestão Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita, pelo telefone celular.