Folha de S.Paulo

‘Genius’ usa sexo, violência e efeitos especiais para contar a vida de Einstein

- RICARDO BONALUME NETO

Uma série de TV sobre Albert Einstein (1879-1955) não poderia começar de modo mais original: com sexo e violência. Assim se inicia “Genius”, que estreou no domingo no National Geographic.

Um diplomata alemão judeu, o ministro das Relações Exteriores Walther Rathenau (1867-1922), é morto em um atentado. Ele era considerad­o traidor do país por grupos de extrema direita antissemit­a.

Corta para o famoso cientista, também judeu, interpreta­do pelo ator Geoffrey Rush, fazendo sexo com sua amante contra uma lousa.

Ainda levaria uma década para Hitler chegar ao poder na Alemanha, embora o antissemit­ismo fosse latente no país. A perseguiçã­o aos judeus institucio­nalizada pelos nazistas provocaria um êxodo de cérebros; muitos, como Einstein, iriam para os EUA.

Apesar de ter recebido o Nobel de Física em 1921 pela explicação do efeito fotoelétri­co, ele não era aceito por boa parte da comunidade acadêmica local. Foi acusado de ser autor de uma “física judia” em oposição a uma “física alemã”, como se fosse possível.

Apesar de não ter tido papel direto no desenvolvi­mento da bomba atômica, foi uma carta sua ao presidente americano Franklin Roosevelt (1882-1945), alertando para o perigo das pesquisas nucleares alemãs, que motivou o chamado Projeto Manhattan.

O primeiro episódio aponta para questões políticas como essa —além das científica­s— e mostra aspectos da vida pessoal de Einstein.

O roteiro opõe claramente sua genialidad­e e seus problemas de relacionam­ento. Os criadores da série afirma que ela é historicam­ente pre- cisa. É difícil avaliar, pois o que o cientista fazia em seu quarto não costuma ser detalhado nas suas biografias.

Dirigido por Ron Howard, o capítulo inicial vai e volta entre a vida do cientista já famoso na Alemanha das décadas de 1920 e 1930 e sua vida como o estudante rebelde interpreta­do por Johnny Flynn.

Virou clichê entre alunos péssimos dizer que Einstein foi um péssimo aluno. Na verdade, era bom demais para as escolas que frequentou. Em vez de decorar fórmulas e conceitos, ele queria ir fundo em questões importante­s.

Isso também se refletiu na sua vida acadêmica. Sua produção intelectua­l mais importante foi em 1905, quando trabalhava na repartição de patentes de Berna (Suíça), e não em uma universida­de tradiciona­l. Para ele, a pressão da carreira universitá­ria poderia levar um jovem cientista a análises superficia­is.

É impossível falar da vida de um cientista sem descrever sua ciência; a série toca em temas caros ao físico, e efeitos especiais ajudam, nesse começo, a entender suas análises. Resta ver como serão os outros nove. NA TV Geniu s: A Vida d eE instein dom., às 22h, no National Geographic ótimo

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Dusan Martincek/Divulgação Geoffrey Rush vive o cientista Albert Einstein em ‘Genius’

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