Delação inclui vídeo de entrega de dinheiro
Deputado do PMDB, que foi citado em conversa de Temer, foi gravado recebendo R$ 500 mil da JBS em São Paulo
Conteúdo do acordo inclui também registro de irmã de operador de Eduardo Cunha recebendo valores DE BRASÍLIA
A gravação feita pelo empresário Joesley Batista de uma conversa particular com o presidente Michel Temer ocorreu em março deste ano, no Palácio do Jaburu, residência oficial da Presidência.
De acordo com o jornal “O Globo”, Joesley, dono do frigorífico JBS, levou um gravador para registrar o encontro e citou, no diálogo, o pagamento de mesadas ao ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao operador Lúcio Funaro, ambos presos.
Temer deu o aval: “Tem que manter isso, viu?” A delação, porém, aponta que não foi Temer quem ordenou os pagamentos ao ex-deputado, embora tivesse conhecimento.
As ações de empresário tinham sido combinadas previamente com investigadores da Polícia Federal, que filmaram ao menos duas entregas de dinheiro vivo, ainda de acordo com “O Globo”.
Temer confirmou na noite desta quarta (17) o encontro com Joesley em março, mas, em nota, afirmou que não houve nada no diálogo que comprometesse sua conduta.
Em uma das filmagens da PF, de acordo com o jornal, foram entregues R$ 400 mil a uma irmã de Funaro. Em outra, quem foi filmado foi o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), recebendo R$ 500 mil, em São Paulo.
Rocha Loures foi mencionado por Temer como uma espécie de seu emissário. Segundo “O Globo”, o presidente, ao ser questionado sobre uma pendência do grupo J&F (controlador da JBS) no governo, indicou o deputado federal como a pessoa que poderia resolver “tudo”.
Segundo a reportagem, a delação aponta ainda Rocha Loures auxiliando o empresário da JBS em questões junto ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) envolvendo uma usina termelétrica. INVESTIGAÇÃO O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, consultou o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), sobre a possibilidade de investigar o presidente Michel Temer na Lava Jato por obstrução de Justiça.
A apuração teria base na delação dos irmãos da JBS.
Segundo a Folha apurou, o assunto foi levado por Janot a Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, no fim de abril, quando as negociações sobre a delação dos irmãos estavam em curso.
Segundo a reportagem de “O Globo”, delatores da empresa estiveram no gabinete de Fachin no último dia 10 para tratar de detalhes do acordo com a Justiça.
O Supremo não confirma se o compromisso de colaboração dos donos e executivos da JBS foi concretizado.
Após a tomada de depoimentos e a apresentação de provas pelos delatores, o acordo precisa ser homologado no Supremo. Só então os procuradores vão avaliar se pedem a abertura de inquéritos com base na delação.