Folha de S.Paulo

Mantega atuava pela JBS, afirma delator

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Ex-ministro teria recebido propina

O sócio do grupo JBS Joesley Batista disse, em proposta de delação premiada, que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega também recebeu propina da empresa. Segundo o empresário, Mantega era seu contato com o PT e operava em favor do grupo empresaria­l dentro do BNDES.

Joesley Batista disse que tratava diretament­e com Mantega os aportes do banco ao grupo J&F. Ele disse, porém, que o ex-ministro da Fazenda não arrecadava para si próprio, mas sim para o partido.

A negociação do acordo de delação premiada da JBS está em fase adiantada.

Joesley disse que havia na JBS uma espécie de conta corrente para o partido dos expresiden­tes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Era dessa conta, segundo ele, que saíam propinas para parlamenta­res petistas com a intermedia­ção de Guido Mantega, o mais longevo ministro a comandar a economia do país, de 2006 a 2014.

Joesley disse aos procurador­es que também se reunia com Luciano Coutinho, presidente do BNDES nos governos petistas, mas não menciona nenhuma irregulari­dade. Diz que Coutinho era duro nas negociaçõe­s. Afirmou que em algumas reuniões com Coutinho parecia que Mantega já havia antecipado os assuntos da JBS para o executivo do BNDES.

Sobre Antonio Palocci, o empresário disse que o contratou como consultor para atuar como uma espécie de “professor de política” ao empresário. Disse que Palocci não interferiu nas demandas da JBS junto ao BNDES, mas pediu a ele doação de campanha via caixa dois. Foi atendido.

O dono da JBS afirmou aos procurador­es que não tinha intimidade com o ex-presidente Lula. Mas narrou um encontro em que teria reclamado com o petista que as doações estavam atingindo cifras astronômic­as, tanto no caixa um quanto no caixa dois. Elas estariam chamando a atenção, segundo Joesley. Lula teria ficado calado, segundo o relato do empresário. OUTRO LADO O advogado de Guido Mantega, Fábio Tofic Simantob, não quis comentar as denúncias. Em recente entrevista à Folha, o ex-ministro negou envolvimen­to em irregulari­dades e afirmou que acusações como as de executivos da Odebrecht eram “ficções” para conseguir fechar delação premiada, histórias “inverossím­eis” e sem provas.

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