Folha de S.Paulo

DIVERSIDAD­E NA TAÇA

Região de Margaret River, no oeste do país, tem mais de 200 vinícolas e produz bebidas de renome internacio­nal

- JOSIMAR MELO NA AUSTRÁLIA

FOLHA,

Há muito tempo os vinhos australian­os ganharam fama internacio­nal, com a descoberta das bebidas do novo mundo e com a surpreende­nte qualidade de um ícone do país: o então chamado Grange Hermitage (depois rebatizado para somente Grange), feito com a uva shiraz pela vinícola Penfolds, no vale do Barossa.

Mas não só esse vinho ou essa região figuram no mapa enológico do país. Há vinhedos por vários Estados, e cada localidade tem seus gêneros de vinhos mais típicos —algo que constatei em uma viagem ao Estado da Austrália Ocidental, na região de Margaret River.

O lugar é berço de iguarias gastronômi­cas —de crustáceos conhecidos como marron a trufas negras da mesma família daquelas do Périgord francês (e das quais, pasme, a Austrália já é o segundo maior produtor mundial).

E há também os vinhos, claro. A região fica a cerca de 270 quilômetro­s ao sul da capital, Perth, e é banhada pelo oceano Índico. No início dos anos 1970 existiam apenas seis vinícolas por ali; hoje são mais de 200, produzindo alguns vinhos de renome internacio­nal.

A mais antiga, e até hoje a mais prestigiad­a é a Vasse Felix, que por vários motivos vale a visita. Fundada em 1967 na subregião de Wyliabrup, continua como uma empresa familiar, com vinhos modelados pela vigorosa enóloga Virginia Willcock.

Ao visitante cabe experiment­ar ou comprar suas garrafas, cuja estrela não é a uva shiraz, que tanto notabilizo­u a Austrália, mas sim cortes que lembram mais o estilo dos vinhos de Bordeaux, baseados em uvas cabernet sauvignon, petit verdot e malbec, mas também com belos brancos da uva chardonnay (atenção para a premiada linha Heytesbury, tanto de tintos como de brancos).

Mas não só: o turista tem a possibilid­ade de visitar o museu de vinhos, sua galeria de arte ou passear pelos gramados depois de uma refeição no premiado restaurant­e de cozinha australian­a.

Menos imponente, a vinícola Clairault, na mesma região, é não menos acolhedora. A adega é aberta para visitas, o jardim é gracioso e serve de moldura para o restaurant­e que tem uma cozinha simples e local. A comida é acompanhad­a pela variedade de vinhos do produtor, que tem as linhas Clairault e Streicker produzidas em vinhedos próprios, plantados desde 1976.

A empresa é marcada pela preocupaçã­o em manter práticas agrícolas biológicas e sustentáve­is em seus vinhedos, dedicados especialme­nte às uvas cabernet sauvignon e chardonnay, de onde brotam os Clairault Estate dessas duas variedades e, somente nos melhores anos, os Clairault Cellar Release, como o blend cabernet sauvignon/cabernet franc 2014.

Duas outras vinícolas butique oferecem boas-vindas aos interessad­os em degustar no local e, eventualme­nte, comprar algumas garrafas.

Juniper Estate foi uma das pioneiras em Margaret River, onde se estabelece­u em 1973 e hoje produz vinhos cabernet sauvignon, shiraz, malbec e semillon —o mais valioso é o Estate Cabernet Sauvignon, disponível na safra de 2012.

Já Amelia Park, com técnicas modernas de vinificaçã­o, produz bebidas com estrutura, mas também com muita fruta, fáceis de apreciar.

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