Temer afirma que não renuncia; áudio sobre Cunha é inconclusivo
Em outro trecho, presidente elogia esforço de dono da JBS para ‘segurar’ juízes; STF autoriza investigação do peemedebista
Diante da crise gerada pela gravação de suas conversas com o empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, e de abertura de inquérito em seu nome no Supremo, o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não renunciará. “Não renunciarei. Repito: não renunciarei”, disse.
“Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos”, declarou, em discurso duro.
O áudio da conversa em que, segundo a Procuradoria-Geral da República, Temer deu aval a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) veio a público e é inconclusivo.
O sigilo das gravações foi derrubado pelo ministro do STF Edson Fachin. No trecho, Joesley diz que “zerou tudo”, referindo-se a “pendências” com Cunha. Na sequência, resume o quadro: “O que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok?”.
Nesse momento, Temer concorda: “Tem que manter isso, viu?”. Joesley complementa: “Todo mês”.
Outro trecho revela, porém, que o peemedebista tomou conhecimento de plano para interferir em investigação. Ao ouvir a estratégia, Temer respondeu: “Ótimo”.
O executivo disse que estava “dando conta” de dois juízes, os quais não identificou, e que conseguiu colocar um procurador “dentro da forçatarefa” da Operação Greenfield. Ao deixar de informar as autoridades sobre o fato, o presidente cometeu, em tese, o crime de prevaricação.
Além de determinar abertura de investigação contra Temer, o Supremo Tribunal Federal decidiu pelo afastamento do senador Aécio Neves (PSDB). Segundo a acusação, o tucano pediu R$ 2 milhões aos donos do frigorífico JBS. Sua irmã, Andrea Neves, foi presa.
ÍNDEX