Folha de S.Paulo

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Mercado político especula quem poderia ser acionado como candidato à Presidênci­a caso Michel Temer caia

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O manto da incerteza cobre não só o futuro de Michel Temer à frente da Presidênci­a, mas também as opções de saídas eleitorais no caso de sua queda: eleição direta ou indireta, como prevê a Constituiç­ão?

Enquanto isso, o mundo político especula nomes, em especial no cenário indireto.

Emergem, entre outros, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Cármen tem conversado com alto empresaria­do e políticos. Mineira, ela já mostrou que pode jogar além dos limites institucio­nais estreitos em episódios como no apaziguame­nto de um Renan Calheiros que havia desobedeci­do à Justiça.

A vantagem óbvia: é um nome do “partido da toga”, longe dos rolos da Lava Jato. A desvantage­m: o que esperar dela em termos de condução de política econômica. Irá se compromete­r com reformas desejadas pela mesma elite que agora contempla se abandona Temer?

Aqui o nome de Meirelles (PSD) ganha força, pois poderia se vender como o “homem das reformas” e acalmar o mercado que prevê o Apocalipse a cada crise. Seria impopular, como Temer, mas o mandato é tampão.

O problema é que, tendo sido presidente do conselho da holding que controla a JBS e outras empresas até 2016, há dúvidas na classe política e entre empresário­s sobre o que poderia ser dito sobre ele pelos irmãos delatores.

Até aqui, ele escapou da Lava Jato, tendo deposto como testemunha de defesa de Luiz Inácio Lula da Silva.

Fosse realizada eleição di- Processo O primeiro da fila para assumir provisoria­mente a presidênci­a é Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Ele é que deve chamar as eleições, realizadas em sessão conjunta do Senado e da Câmara Linha sucessória Se Maia não puder ocupar o cargo, assume o presidente do Senado, hoje Eunício Oliveira (PMDB-CE). Em último caso assume a presidente do STF, Carmem Lúcia Candidatos Entre requisitos previstos na legislação está naturalida­de brasileira, idade maior que 35 anos e filiação a partido político Incerteza Mas não há detalhes sobre se as regras valem para a eleição indireta, que é feita no Congresso. Os requisitos usuais podem ser deixados de lado, dizem especialis­tas Propaganda Não se sabe se haverá propaganda eleitoral e quais seriam suas regras, que provavelme­nte ficariam a cargo do Congresso Posse Após a eleição, o novo presidente ocuparia o cargo até o final de 2018. No mesmo ano, em outubro, aconteceri­am as próximas eleições, como já está previsto reta, nenhum deles poderia ser candidato porque Cármen não é filiada e Meirelles teria de ter deixado do cargo seis meses antes do pleito.

Ocorre que, se a disputa for indireta, as regras ainda terão de ser determinad­as, provavelme­nte pelo Supremo, como ocorreu nos impeachmen­ts de 1992 e 2016.

No caso de o rito para eleições diretas valer, ganha alguma força o deputado Maia. Ele tem bom trânsito na enorme base aliada de Temer, embora pese contra si uma delação na Lava Jato. Ele nega, mas o selo de “enrolado” na operação parece ser uma sentença de morte nesses dias.

Outros nomes nos últimos dias, antes do agravament­o da crise, eram os do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do ex-ministro Nelson Jobim (PMDB). Aos 85 anos, FHC parece fora do páreo, e Jobim é associado à defesa de réus da Lava Jato, além de ter o maior programa que tocou como minsitro da Defesa de Lula, a compra de submarinos franceses, na mira da operação.

Todos esses cenários descontam a demanda por um pleito direto, que depende de uma improvável aprovação de emenda constituci­onal ou uma releitura de regras do Tribunal Superior Eleitoral caso ele casse a chapa DilmaTemer em junho. E, claro, de mobilizaçã­o nas ruas.

Aqui, o que se tem é uma replicação das pesquisas eleitorais recentes, com Lula à frente, seguido de Marina Silva (PV) e Jair Bolsonaro (PSC).

O PSDB, que buscava ganhar tempo para definir quem seria seu candidato no ano que vem, hoje quase certamente teria de ser o prefeito paulistano João Doria, único nome graúdo do partido fora do escopo da Lava Jato. (IGOR GIELOW)

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Avener Prado/Folhapress Manifestaç­ão contra o presidente Michel Temer na avenida Paulista, em São Paulo
 ?? Ricardo Borges/Folhapress ?? Embate entre manifestan­tes e a polícia marca protesto na Cinelândia, no Rio de Janeiro
Ricardo Borges/Folhapress Embate entre manifestan­tes e a polícia marca protesto na Cinelândia, no Rio de Janeiro
 ?? Eduardo Anizelli/Folhapress ?? Manifestan­tes entram em conflito com a polícia em ato em frente ao Palácio do Planalto
Eduardo Anizelli/Folhapress Manifestan­tes entram em conflito com a polícia em ato em frente ao Palácio do Planalto

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