A última passagem do músico pelo Brasil foi em dezembro do ano passado, em
Chris Cornell, conhecido vocalista das bandas Soundgarden e Audioslave, morreu na noite de quarta (17), em Detroit (EUA), aos 52 anos.
O médico legista que analisou o corpo do artista confirmou na quinta (18) aquilo de que a polícia já suspeitava: Cornell cometeu suicídio.
Segundo o porta-voz da polícia de Detroit, Michael Woody, um amigo ligou para a emergência ao encontrar o músico desacordado em um quarto de hotel. Quando a equipe médica chegou ao local, Cornell já estava morto.
Segundo a agência Associated Press, a polícia afirma que o amigo teve de forçar a porta do quarto do músico. Ao entrar, encontrou-o morto, com uma faixa ao redor do pescoço.
Chris Cornell teve problemas com álcool e outras drogas durante a carreira.
Em 2003, ao passar por um tratamento de reabilitação, disse que gostava daquele processo de cura. “É como uma escola, é interessante. Estou vendo que posso aprender aos 38 anos.”
Cornell tornou-se um ícone do grunge com a banda Soundgarden, formada em Seattle, sua cidade natal, nos anos 1980. O grupo ganhou destaque no início da década de 1990, ao lado de bandas como Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam.
Após uma pausa com o Soundgarden, ele alternou carreira solo e outros projetos. Em 2001, juntou-se aos ex-integrantes do Rage Against the Machine —Tom Morello, Brad Wilk e Tim Commerford— e formou o Audioslave. A banda lançou três álbuns e se manteve até 2007.
De 2010 para cá, o Soundgarden estava reunido novamente para trabalhos e turnês. Neste mês, o grupo tinha shows marcados em diversas cidades dos EUA. BRASIL “Badmotorfinger” (1991), puxado pelo hit “Outshined”. Mas foi no álbum seguinte, “Superunknown” (1994), que todo seu virtuosismo vocal ficaria evidente, além de seu talento como compositor.
Canções como “Black Hole Sun”, “Fell on Black Days” e “The Day I Tried to Live” mostravam sua capacidade de alternar graves e agudos com segurança e velocidade.
Eram evidências também de uma personalidade um tanto soturna e introvertida, com suas letras ora depressivas, ora raivosas, ora chapadas. Sintomático do clima da época, o disco vendeu quase dez milhões de cópias.
Encerrado o Soundgarden em 1997, Cornell uniu-se aos músicos do Rage Against the Machine e criou o Audioslave, turnê solo, após shows em 2007, no Citibank Hall, em 2011, no SWU, em 2013, no Festival Best of Blues, e em 2014, ao lado do Soundgarden, no Lollapalooza.
Em março deste ano, ele divulgou um novo single solo, “The Promise”.
Ele deixa a mulher, Vicky Karayiannis, e os filhos Lillian, 16, Toni, 12, e Christopher, 11. Em nota, a família e a equipe do músico agradeceram aos fãs pelo amor e pela lealdade, além de pedir em privacidade e respeito. em 2001. Caso raro de supergrupo que conseguiu fazer uma carreira de sucesso, lançou três discos em seis anos.
Sem deixar o rock pesado, mas investindo em canções mais melódicas como “Like a Stone” e “Doesn’t Remind Me”, Cornell indicava o caminho que viria a seguir em sua carreira solo posterior, marcada por shows de pegada folk acústica, em que se apresentava sozinho ao violão.
Em última passagem pelo Brasil, com a turnê de seu quinto álbum solo, “Higher Truth” (2015), mostrou que continuava em grande forma. Mostrou também um insuspeito bom humor e leveza, de cuja lembrança seus fãs podem se valer. Para quem preferir o luto, o cantor deixou um vasto repertório.