Mais de 1.600 iranianos se inscreveram para concorrer, mas só seis foram liberados pelo Conselho de Guardiães.
DE SÃO PAULO
Cerca de 55 milhões de iranianos, dos 79 milhões, escolhem nesta sexta (19) o presidente do país em uma eleição tida como referendo sobre o acordo nuclear firmado entre Teerã e o Ocidente em 2015.
Negociado pelo presidente moderado Hasan Rowhani, 68, o pacto que levantou as sanções econômicas ao país em troca da redução de seu programa nuclear é defendido pelo candidato à reeleição como o caminho que permitiu revigorar a economia.
Apesar da queda na taxa de desemprego —Rowhani assumiu com o índice em 15% e hoje está em 10%—, os iranianos sentem que a promessa de melhora econômica ainda não se concretizou.
Em artigo no site do Conselho Nacional IranianoAmericano, o analista Reza Marashi aponta que a “dignidade econômica é talvez a prioridade de eleitores de todas as idades”. O desemprego entre os jovens chega a 30%.
Desde a assinatura do acordo nuclear com as potências ocidentais, em julho de 2015, empresas voltaram a investir na república islâmica.
Rowhani tem a seu favor o histórico eleitoral: desde 1981, todos os presidentes candidatos se reelegeram.
Mesmo tendo avançado pouco em direitos humanos, Rowhani é visto como a melhor opção pela esquerda reformista, lembra o analista Ray Takeyh, do Council on Foreign Relations (EUA), por integrar o “centro, formado por autoridades pragmáticas e abertas à expansão de laços diplomáticos e econômicos”.
Dentre os outros cinco candidatos autorizados a concorrer pelo Conselho de Guardiães (órgão composto por 12 clérigos que avaliza as leis do país segundo o islã), o principal rival do presidente é o conservador Ibrahim Raisi.
Crítico do acordo nuclear, Raisi, 56, vem da linha-dura e é visto como o candidato que mais agrada ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Ele adotou na campanha um tom populista e se autointitulou “candidato dos pobres”. Isso é reforçado pelo fato de Raisi liderar uma das mais ricas organizações de caridade do mundo islâmico, a Astan Quds Razavi, sediada no norte do país, cujos ativos somam US$ 15 bilhões.
A vitória de Raisi dificultaria a manutenção do acordo nuclear, já considerado “mau negócio” pelo novo presidente dos EUA, Donald Trump. AVAL