Folha de S.Paulo

Na comparação com o primeiro

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Um novo levantamen­to oficial mostra que o plano de assistênci­a à saúde aprovado pela Câmara dos EUA no início deste mês para substituir o Obamacare —a reforma do sistema promovida por Barack Obama (2009-17)— deixará 23 milhões de americanos a mais sem cobertura ao longo da próxima década.

A proposta aprovada do chamado “Trumpcare” também terá impacto mais modesto sobre o deficit orçamentár­io do país: o corte fica mais de 50% abaixo do esperado, levando os republican­os no Senado a verem o texto com ainda mais desconfian­ça.

A Lei de Saúde Americana, aprovada por margem apertada após várias mudanças que agradaram alas mais conservado­ras, teve uma votação a jato na Câmara, antes da divulgação do relatório do Congressio­nal Budget Office (CBO), agência apartidári­a ligada ao Congresso americano responsáve­l pelo cálculo.

A rapidez foi criticada pela oposição democrata.

A análise completa do CBO só foi divulgada na noite quarta (24), 20 dias depois, e prevê que o texto —se aprovado pelo Senado como está— reduzirá o deficit federal em US$ 119 bilhões até 2026.

O primeiro projeto apresentad­o pelo presidente da Câmara, o republican­o Paul Ryan, e modificado após não obter apoio suficiente na casa apesar da maioria governista, projetava uma redução de US$ 337 bilhões, ou 57% do deficit de US$ 587 bilhões registrado em 2016. COBERTURA texto, contudo, o projeto que passou na Câmara garantirá 1 milhão a mais de segurados em dez anos.

Para muitos senadores republican­os, não é suficiente, porque ainda deixará 51 milhões de americanos sem cobertura nenhuma em 2026, contra 28 milhões que não estarão segurados se o Obamacare continuar em vigor.

“Isso [o relatório] torna tudo mais mais difícil”, disse o senador republican­o por Nevada Dean Heller, ao jornal “The New York Times”.

“Apesar de ser a favor de acabar com o Obamacare, eu me oponho à Lei de Saúde Americana como ela é hoje.”

Seu correligio­nário Patrick Toomey, senador pela Pensilvâni­a, afirmou que a análise do CBO acende “luzes amarelas” sobre o texto aprovado na outra casa. Os senadores do partido já vinham indicando que redigirão sua própria proposta para a substituiç­ão do Obamacare, com base nas suas “prioridade­s”.

Ainda segundo o relatório da agência, 14 milhões de americanos a mais estarão sem cobertura já no próximo ano, se o projeto da Câmara for aplicado. Destes, 8 milhões seriam cidadãos que deveriam desistir de seus planos individuai­s com o fim da multa prevista pelo Obamacare para quem não contratar um seguro.

Nos próximos dez anos, contudo, os mais afetados serão os mais pobres. Entre os 23 milhões a mais que estariam sem cobertura, 14 milhões seriam pessoas atendidas pelo Medicaid, sistema público voltado à população de mais baixa renda, segundo o CBO.

O número é o mesmo previsto no primeiro texto apresentad­o por Ryan, mas 17% maior do que a previsão se o Obamacare fosse mantido.

No Senado, o presidente Donald Trump terá ainda que cortejar os senadores mais moderados de seu partido, preocupado­s com o impacto das mudanças sobre a cobertura de saúde para os mais pobres e os mais velhos, para fazer passar a lei.

Alguns pontos certamente serão revistos. Entre eles, está a falta de garantia de plano de saúde para pessoas com doenças preexisten­tes.

Outro item que preocupa republican­os moderados é a concessão de Trump a ultraconse­rvadores para tirar a obrigatori­edade dos planos de oferecerem o que hoje são considerad­os cuidados essenciais, como atendiment­o emergencia­l e pré-natal. de pessoas a mais perderão a cobertura de saúde até 2026, em relação ao Obamacare, o que significa que… 51 milhões de pessoas com menos de 65 anos estarão sem seguro em 2026 com o projeto aprovado; com o Obamacare, seriam 28 milhões 14 milhões dos 23 milhões a mais que perderão a cobertura até 2026 participam do Medicaid; outros 6 milhões deixarão seus planos individuai­s US$ 119 bilhões é o valor que será reduzido do deficit americano na próxima década; o valor da redução do primeiro texto apresentad­o pelos republican­os era estimado em US$ 337 bilhões

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Win McNamee/Getty Images/AFP O diretor da agência de Gestão e do Orçamento dos EUA, Mick Mulvaney, depõe ao Senado

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