Folha de S.Paulo

Evento no Einstein discute gargalos no acesso a medicament­os no país

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Custo de novas drogas e retirada das antigas foram citados em fórum

DE SÃO PAULO

Drogas caras e procedimen­tos complexos deveriam ser utilizados apenas em centros de referência —públicos ou privados. Isso evitaria desperdíci­o de recursos, indicações inadequada­s e tratamento­s caros em pacientes que poderiam se beneficiar de terapias mais simples.

Essa foi uma das conclusões do Fórum pelo Acesso a Medicament­os, promovido nesta quarta (24) pelo Hospital Israelita Albert Einstein, com apoio da Folha.

Segundo debatedore­s, essa medida poderia, inclusive, diminuir a escalada de judicializ­ação da saúde no Brasil, que este ano atingiu R$ 7 bilhões nas esferas municipais, estaduais e federal.

O país enfrenta hoje vários gargalos para o acesso a medicament­os, entre eles o alto custo das novas drogas e a retirada do mercado de outras antigas, mas muito eficazes.

A questão é que ainda não há uma agenda positiva que envolva todos os atores do setor da saúde em torno do planejamen­to de acesso a esses tratamento­s. No fórum, essas divergênci­as ficaram claras em vários momentos.

Na questão da judicializ­ação, a advogada Renata Gomes dos Santos, assessora técnica da Secretaria de Saúde, apontou para a banalizaçã­o de ações judiciais. “A Justiça de São Paulo obriga o Estado a fornecer Danoninho, cremes hidratante­s La RochePosay e 92 tipos diferentes de fralda a pacientes”, disse ela.

Gabriella Pavdopoulo­s, juíza do Tribunal de Justiça de São Paulo, disse que havia um “tom de deboche” na fala da representa­nte do Estado. Já Santos e disse que a crítica era dirigida a decisões excepciona­is, e não ao Judiciário de forma geral.

Para Pavdopoulo­s, o Estado precisa, primeiro, fornecer peritos que possam dizer aos juízes se os produtos são ou não necessário­s.

Em outro debate do evento, o coordenado­r do serviço de hematologi­a do Einstein, Nelson Hamerschla­k, defendeu um pacto duradouro pelo acesso a drogas para a população e que médicos exerçam papel maior na questão.

Já o onco-hematologi­sta pediátrico do Einstein Vicente Odone e o diretor de defesa profission­al da Associação Brasileira de Hematologi­a, Hemoterapi­a e Terapia Celular Angelo Maiolino, criticaram os altos preços de novos medicament­os e a dificuldad­e do controle de qualidade de remédios estrangeir­os que chegam ao Brasil.

Os debates foram mediados por Cláudia Collucci, repórter especial da Folha, e Belinda Simões, professora da Faculdade de Medicina da USP.

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Nasa » TURBULÊNCI­AS Imagem feita pela sonda Juno, da Nasa, mostra o turbulento polo sul de Júpiter, com ciclones (estruturas ovais na foto) com mais de mil km de diâmetro

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