Folha de S.Paulo

Sentido, você deveria só focar no lado positivo da vida. Eu definitiva­mente mudei, ninguém permanece o mesmo.

- AMANDA NOGUEIRA

ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA (PR)

Quando Ed Sheeran, então com 23 anos, lotou três noites no Estádio de Wembley —um recorde para um artista solo—, em 2015, pensou que finalmente precisaria de uma banda. Já não dava mais tempo.

O inglês subiu ao palco acompanhad­o apenas de suas guitarras e de seu loop pedal, a varinha mágica que permite com que, só, faça ao vivo o que muita “big band” não consegue nem em estúdio.

Com engenhosa habilidade, gravou no pedal as diversas camadas de cada faixa de “x” (ou “Multiply”), seu segundo álbum, e as tocou para um público de 90 mil pessoas em cada uma das noites.

Dois anos se passaram, e o músico, agora com 26 anos, continua sem tempo para arranjar uma banda própria.

De lá pra cá, tornou-se um dos artistas mais rentáveis da indústria, tendo vendido mais de 22 milhões de álbuns ao redor do mundo e faturado mais de 90 milhões de dólares — uma faca de dois gumes, diz.

Neste ano, quebrou mais recordes com “÷” (lê-se “Divide”), álbum com o qual liderou o topo das paradas em 14 países e que traz ao Brasil.

Na última terça (23), Sheeran lotou de adolescent­es e pais a Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba,onde deu a seguinte entrevista à Folha.

O artista ainda passaria pelo Rio de Janeiro, nesta quinta (25), e se apresenta em São Paulo neste domingo (28), antes de encerrar sua vinda em Belo Horizonte, na terça (30). Folha - Por que a escolha de se apresentar sem uma banda?

Ed Sheeran - Eu comecei sozinho com um loop pedal aos 14 anos e não podia manter uma banda. Consegui um contrato com a gravadora e eu não tive mais tempo de montar uma banda. Uma vez que você toca no estádio de Wembley, você se pergunta: “Bom, por que preciso de uma banda?”. É bom ter algo que ninguém mais pode fazer nesse nível, sabe? É bom ser o único que pode fazer isso. Você é conhecido como um dos mais produtivos compositor­es de hoje. No que suas letras diferem de hits atuais?

Se escrevo para outra pessoa, definitiva­mente será com essa mentalidad­e [da indústria], mas, se estou fazendo minhas próprias coisas, tendo a ser mais pessoal, escrevo para me sentir melhor mais do que para fazer um hit. É bom poder fazer os dois. O dinheiro mudou a sua vida?

A única coisa que isso faz é tirar preocupaçã­o de amigos e família quanto a não ter que se preocupar com as contas. Mas é uma faca de dois gumes, embora eu tenda a não olhar para o lado ruim, pois não faz Isso é suficiente para que a fama valha a pena? Suas crises de ansiedade passaram?

Foi por isso que tirei um tempo, mas acho que é uma questão de equilíbrio mais do que qualquer coisa. Estou mais equilibrad­o agora, realmente gosto de fazer turnês, acho muito legal. Não parei de ter [crises de ansiedade], mas não tenho o tempo todo, apenas quando estou em grandes grupos de pessoas. Você disse saber que “Shape of You” faria mais sucesso agora, mas que “Castle on the Hill” seria a música pela qual seria lembrado daqui a 20 anos. Por que acha isso?

É algo que eu simplesmen­te sei. Só estou na indústria há seis anos, mas vejo canções se tornarem as maiores do mundo e em um período de três anos serem lembradas, mas não com o mesmo poder. Ao mesmo tempo, uma canção como “Somebody That I Used To Know”, da Gotye, é uma que eu acho que vai resistir ao tempo, ou “Stay With Me”, de Sam Smith. Para mim, “Castle on the Hill” faz mais isso do

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