ANÁLISE Streaming ameaça o papel do cinema como fruição coletiva
FOLHA
Para entender a polêmica Netflix vs cinemas franceses convém primeiro entender um pouco do comportamento daquele país em relação à arte.
Lá se vai ao museu, se lê um livro ou se frequenta o cinema sem fazer diferenciações. Nesse sentido é bem diferente daqui, onde não se lê, não se vai ao museu e se vê o cinema como uma arte secundária.
No mais, os cineastas franceses têm prestígio suficiente para, como já aconteceu, brecar negociações internacionais visando proteger seus filmes (contra os americanos).
Essas coisas fazem da França o centro do cinema europeu na atualidade, e não é de espantar que lá se instaure a questão do streaming.
Primeiro ponto: assim como a Amazon não ameaça diretamente a indústria do livro, e sim as livrarias, o streaming não ameaça a produção, e sim a exibição cinematográfica. Não se trata de um confronto envolvendo realizadores, mas, basicamente, exibidores de cinema.
Nota: não é tão simples assim, até porque grandes cadeias exibidoras, tipo Pathé ou MK2, são também produtores importantes na Europa e na Ásia.
Ponto dois: o streaming se fortalece agora que o DVD foi devastado devido à facilidade com que se baixam filmes pela internet.
Talvez não na França, que combate a pirataria ferozmente (tente achar um filme em DVD de origem francesa circulando na internet). Ou seja, levar a Cannes filmes que ganham toda a projeção publicitária que o festival oferece para, em seguida, lançálos em streaming (sem antes passar pelos cinemas) é uma bela estratégia em vista de