Folha de S.Paulo

Idioma une álbum de rappers brasileiro­s e portuguese­s

Emicida e Rael lançam nesta sexta (26) álbum com dez canções feito em parceria com Capicua e Valete, que os receberam em Lisboa

- ISABELLA MENON

“A língua, mesmo com as suas localidade­s, é viva e estabelece pontes e laços que são profundos”, diz Emicida sobre o novo álbum “Língua Franca”, produzido em parceria com os rappers Rael, Valete e Capicua —estes dois últimos, portuguese­s, que usam o idioma lusófono como ponto em comum.

O título do álbum, lançado nesta sexta (26), é inspirado na diversidad­e do português. “Tem tantas identidade­s e apropriaçõ­es diferentes que é preciso encontrar essa língua franca comum e, nesse caso, é a música que tem como representa­r essas pontes”, afirma a portuguesa Capicua.

Reunidos em um estúdio de Lisboa, os rappers produziram e compuseram o disco em conjunto. “Foi linha de produção, em dez dias fizemos dez músicas”, conta Rael. “É tipo o ‘Big Brother’ do rap”, diz Capicua. “Dava até mais [músicas], viu? É que nóis parou para comer”, brinca Emicida, e define o grupo como “meio crossfit na poesia”.

Capicua diz que o rap português possui “ritmo mais sério e mais seco”, e afirma ter notado diferenças culturais ao compor o álbum. Para ela, o jeito brasileiro é “espontâneo e intuitivo”.

Composto por dez musicas, o álbum é aborda diferentes temas. Capicua os define co- mo “universais”, “temas com que qualquer pessoa do mundo consegue se relacionar,mesmo que cada um de nós tenha uma visão particular do mesmo tema”.

Entre as faixas do álbum, “Amigos” não foi, inicialmen­te, composta pelos rappers. Emicida conta que “o mano que era compositor da música falou algumas coisas desagradáv­eis sobre a cultura hip-hop e eu achei que ele estava no lugar errado”. Após o episódio, o quarteto decidiu reescrevê-la.

Para Rael, o resultado ficou ainda melhor, “mais a ver com a gente e mais nostálgico”.

Nascido como forma de manifestaç­ão e contestaçã­o das periferias de Nova York nos anos 1970, o gênero musical ainda é alvo de preconceit­o. “As pessoas acham que o hip-hop é o estágio primitivo da música, que a gente vai evoluir e fazer outra coisa, é um estereótip­o muito vazio”, afirma Emicida.

Segundo Rael, o preconceit­o “é falta de conhecimen­to. As pessoas se surpreende­m que o rap tá tocando na rádio, que fala de amor, mas já falava de amor desde o começo, só que as pessoas não conheciam”. ARTISTAS Emicida, Rael, Capicua e Valete LANÇAMENTO Sony Music QUANTO R$ 29,90, na AppleMusic, Deezer e Spotify

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Divulgação Da esq. para dir., os rappers Rael, Emicida, Valete e Capicua

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