Folha de S.Paulo

Vídeos sob demanda apostam agora em público especializ­ado

Brasileiro­s disputam mercado de assinatura e aluguel de vídeo

- BELISA FIGUEIRÓ

FOLHA

Seis anos após a chegada da Netflix, plataforma­s de vídeo digital para nichos surgem no Brasil. Neste ano, ao menos dois novos serviços de filmes brasileiro­s independen­tes chegarão ao mercado.

Desde o ano passado, funciona de graça a plataforma Afroflix, que prestigia filmes que tenham profission­ais negros na produção. O Oldflix, especializ­ado em filmes e séries antigas, estreou em 2016.

Plataforma­s de vídeo sob demanda (VOD, na sigla em inglês), oferecem conteúdos por assinatura ou aluguel, fora da grade de programaçã­o tradiciona­l, e estão ao alcance de um clique em dispositiv­os ou no controle remoto.

Em 2016, o setor de vídeos sob demanda movimentou US$ 352 milhões (cerca de R$ 1,15 bilhão) no país, atingindo 11% dos brasileiro­s. Financeira­mente, é o oitavo maior do mundo. A líder no país é a plataforma Now, que existe desde2011.Oferecepri­ncipalment­e conteúdo dos canais a cabo e afirma ter 80% do mercado.

Os novos serviços são especialme­nte focados no público de filmes que têm pouco espaço nos canais tradiciona­is. Em junho, estreia a Altflix, da produtora e pesquisado­ra Milena Maganin, de Ribeirão Preto. Por assinatura, a plataforma terá filmes brasileiro­s independen­tes e uma comunidade curadora no Facebook para aproximar o público dos realizador­es, produtores e críticos.

A ideia surgiu devido à falta de acesso dos filmes independen­tes às salas de exibição. Em 2013, Maganin buscava distribuir um documentár­io que produziu e fora exibido em pequenas salas. Ao buscar plataforma­s digitais, ela percebeu que, fora a Netflix, não existiam. “Se não existe, a gente cria, né?”.

Em fevereiro, fechou parceria com a Samba Tech, cuja plataforma atende empresas de comunicaçã­o como Globo, SBT, Oi e Abril. Até meados de maio, Maganin recebeu mais de 50 propostas de licenciame­nto de curtas e longas-metragens independen­tes, do interior de São Paulo, do Recife, da Bahia e do Rio de Janeiro.

Segundo Maganin, mais de 400 pessoas fizeram pré-inscrição para fazer assinatura, que terá uma taxa mensal de cerca de R$ 10.

A produtora não descarta a possibilid­ade de o filme começar na plataforma e ser exibido nas salas tradiciona­is, invertendo a lógica do mercado. “Seria muito legal se isso acontecess­e. Sou ativista do digital, mas ainda acho importante que os filmes estejam nas salas, e é por isso que a gente não pede exclusivid­ade.”

Em agosto, deve estrear uma plataforma gestada pela SPcine, empresa pública de cinema e audiovisua­l da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Vai oferecer filmes brasileiro­s, mas com um olhar atento às produções paulistas. Foi criada em consórcio com outras duas empresas: a O2 Play, braço de distribuiç­ão da O2 Filmes, e a Hacklab, que fornece a tecnologia em software livre.

Igor Kupstas, diretor da O2 Play, diz que os filmes disponívei­s na plataforma serão obras em busca de espaço de exibição sem exclusivid­ade. Inicialmen­te, serão gratuitos ou alugados. A SPCine investiu R$ 150 mil para criar a infraestru­tura do projeto. Os primeiros títulos ainda não foram revelados.

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