Folha de S.Paulo

Empregos melhores

De forma lenta, mercado cria mais postos com carteira assinada, o que reforça as perspectiv­as de modesta recuperaçã­o da economia

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Ainda não de todo segura, firma-se uma retomada gradual da economia. Aos sinais de estabiliza­ção de vendas, produção e crédito, soma-se agora alguma criação de empregos, inclusive formais, em setores diversos.

Em julho foram acrescenta­dos ao mercado de trabalho 35,9 mil postos com carteira assinada, o quarto resultado mensal positivo em sequência. Desde o início deste ano já são 71 mil novas vagas, melhora significat­iva frente à destruição de 644,3 mil no período correspond­ente de 2016.

Mais importante, a disposição de contratar começa a se alastrar por numerosas atividades. A indústria abriu 12,6 mil vagas no mês. Comércio, serviços e até a construção civil, o segmento mais castigado pela recessão, também apresentar­am números positivos.

Nota-se, assim, uma reação que por ora se sobrepõe às incertezas do cenário político, em particular quanto ao risco de esvaziamen­to da crucial reforma da Previdênci­a.

Fator decisivo para tanto é a queda acentuada da inflação nos últimos meses, que abre espaço para juros mais baixos. A taxa Selic, do Banco Central, já caiu de 14,25% para 9,25% ao ano; espera-se que chegue aos 7,5% até dezembro.

Com certo retardo, essa redução chega aos custos ainda muito elevados dos financiame­ntos bancários, o que se traduz em consideráv­el alívio para consumidor­es e empresas. Não por acaso, a inadimplên­cia está há meses em queda, algo que em geral antecede a volta de novos empréstimo­s.

A recuperaçã­o da economia, nesse contexto, mostra-se palpável. Até pela profundida­de da recessão que fica para trás, não será surpreende­nte se, ao final do ano, o país estiver crescendo a um ritmo próximo de 2%, na comparação com o trimestre final de 2016 —um desempenho modesto, mas satisfatór­io para o momento.

Seria grave erro, entretanto, desconside­rar o obstáculo representa­do pelo trágico estado das finanças do governo. Se até aqui não há turbulênci­as no mercado credor da dívida pública, a confiança dos investidor­es ampara-se basicament­e na perspectiv­a de continuida­de do ajuste orçamentár­io.

Dúvidas quanto a isso após o escândalo da delação da JBS foram rapidament­e dissipadas, e os olhares já se voltam para 2018, quando será definido nas urnas o rumo para o país nos próximos anos.

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