Folha de S.Paulo

Solução é reduzir gasto público

- MARCELO KFOURY MUINHOS www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

É da natureza humana concordar em tese com reformas, mas ser contra quando nos atinge. Todos somos a favor do ajuste fiscal, de preferênci­a em cima dos outros.

No entanto, pensando em um ajuste fiscal permanente, sou contra qualquer aumento de impostos, independen­temente da faixa de renda ou de ser pessoa física ou jurídica. Isso seria apenas um paliativo —e rapidament­e se tornaria insuficien­te, sendo necessário trabalhar nas despesas públicas.

O cerne do desequilíb­rio fiscal está no descalabro dos gastos públicos. Enquanto houve modo de aumentar as receitas para acompanhar essa dinâmica, a bicicleta continuou rodando. Desde 2013, porém, por razões estruturai­s, e a partir de 2015, por razões conjuntura­is, a receita começou a patinar. O Brasil perdeu a capacidade de gerar superavits estruturai­s, deterioran­do agudamente a dívida pública.

O Brasil se tornou um país caro antes de se tornar um país rico. No ano passado, a carga tributária chegou a quase 33% do PIB, muito acima de qualquer outro país emergente e até de muitos desenvolvi­dos. A carga nos Estados Unidos, por exemplo, é de cerca de 20% do PIB.

Defendo, então, em um contexto de uma reforma tributária neutra, rediscutir a carga que incide sobre renda e produção.

Pode-se argumentar que a alíquota de Imposto de Renda sobre os trabalhado­res nos percentis mais altos é relativame­nte baixa, portanto, caberia uma discussão acerca dos efeitos redistribu­tivos de aumentar a tributação dos que ganham mais.

No entanto, a incidência de outros impostos no Brasil sobre o consumo de vários produtos é exorbitant­e (50% na compra de automóveis). Para o cresciment­o de longo prazo, seria até recomendáv­el mudar esse modelo, incidindo mais na renda e menos no consumo/produção, mas sem aumentar a carga total.

Em termos mais pragmático­s, o que se percebe é a dificuldad­e do governo Michel Temer em conseguir avançar nas reformas que corrijam os gastos públicos.

A própria reforma da Previdênci­a está espremida na agenda legislativ­a —parece que o poder de articulaçã­o do presidente no Congresso está se exaurindo.

A discussão da revisão da meta do deficit primário, para este ano e para o próximo, demonstra a preocupaçã­o de não cumprir o Orçamento aprovado.

A equipe econômica parece emparedada, sem condições de continuar o ajuste com o corte significat­ivo dos gastos e de avançar em mais reformas estruturan­tes.

Nesse caso, um arranjo provisório pelo lado das receitas será proposto. Do contrário, a equipe econômica e o presidente ficam sujeitos a penalidade­s ao infringir a Lei de Responsabi­lidade Fiscal.

De qualquer maneira, dada a reação ao balão de ensaio de aumentar os impostos dos assalariad­os que ganham mais de R$ 20 mil, não vai ser uma discussão fácil num Congresso permeável a pressões corporativ­as e de olho na eleição de 2018.

A opção da equipe econômica deve ser por aumentar contribuiç­ões e impostos que não precisem de aprovação legislativ­a, como PIS/Cofins e IOF.

Enfim, na eleição do próximo ano, será inescapáve­l debater o tamanho do Estado. Caso a escolha da sociedade não seja por seu enxugament­o, todos teremos que pagar mais impostos, sendo feito, assim, um ajuste de pior qualidade, com consequênc­ias indesejada­s sobre o cresciment­o e a distribuiç­ão da renda. MARCELO KFOURY MUINHOS,

Que se acrescente uma cláusula de barreira decente, não essa ridícula que pensam em nos impingir, em que bastará 1,5% dos votos para manter os partidos com todas as benesses atuais.

CÂNDIDO E. DA COSTA FILHO

Cada um que se vire com doações particular­es. Que façam campanhas baratas, não as altas produções cinematogr­áficas, com marqueteir­os caríssimos. O mundo se reinventa sempre, e tenho a certeza de que os candidatos também farão isso.

GUILHERME REIS

O voto “em branco” deveria ser considerad­o como voto válido para, ao menos, ser considerad­o para a formação do coeficient­e eleitoral e, consequent­emente, o coeficient­e partidário. Seus efeitos? São os de uma legítima cláusula de barreira, pela elevação daqueles coeficient­es.

MILTON CÓRDOVA JUNIOR

Rodrigo Janot O procurador Rodrigo Janot deve se orgulhar das críticas que vem recebendo. Demérito seria receber elogios de tipos tão desprezíve­is. E não custa lembrar: só se atira pedra em árvores que dão bons frutos!

LAFAYETTE PONDÉ FILHO

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(São Paulo, SP)

Advocacia O artigo de Claudio Lamachia (“O dia da advocacia”, Tendências/Debates, 11/8) cita só uma ação da OAB como exemplo recente de sua atuação diante dos “desafios que lhe são impostos”: a conclusão de que houve crime de responsabi­lidade de Dilma. Os comentário­s seguintes soam como autojustif­icativa para um latente sentimento de culpa pelo golpe. Algo parecido com o que o também presidente da OAB, Carlos Povina Cavalcanti, pronunciou quando do apoio da entidade ao golpe militar. Dizia estar em paz com a consciênci­a.

JOSÉ ZIMMERMANN FILHO

Educação Sobre o editorial “Educação desfocada” (“Opinião”, 11/8), garantir ênfase em português e matemática na base curricular nacional é como oxigenar a vida dos estudantes brasileiro­s. Entretanto há quem prefira vê-los respirando mal e sem perspectiv­as de futuro saudável, autônomo e próspero. Ler e escrever com clareza e transitar nas operações matemática­s com desenvoltu­ra são direitos. São desprezíve­is os que se interpõem na obtenção de um direito fundamenta­l.

DORALICE ARAÚJO,

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