Folha de S.Paulo

Ex-secretário nega propina para mudar depoimento

- PABLO RODRIGO

Caso no MT envolve ministro da Agricultur­a FOLHA

O ex-secretário de Estado Eder Moraes negou que tenha recebido R$ 6 milhões do ministro da Agricultur­a Blairo Maggi (PP) e do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa para mudar o seu depoimento junto ao Ministério Público.

“Nunca recebi nenhum tipo de questionam­ento oficial sobre este assunto e nunca fui intimado pela Justiça para falar sobre isso. O ex-governador Silval Barbosa está faltando com a verdade”, disse Eder à Folha.

O ex-secretário ainda afirma que não tem contato com Maggi muito antes de 2014, quando foi preso durante a Operação Ararath. “Depois disso eu fui proibido de entrar em contato com os investigad­os na Ararath e com o ex-governador Blairo Maggi”, complement­ou.

De acordo com a delação de Silval Barbosa, Eder teria cobrado R$ 12 milhões para mudar o depoimento feito no MP sobre o esquema de compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado (TCE) com aval do então governador Maggi em 2009. E que, diante disso, Maggi e Silval combinaram repassar apenas R$ 6 milhões, em duas parcelas de R$ 3 milhões.

“O acordo feito era de que eu seria o indicado para o TCE se a vaga fosse de indicação do Poder Executivo. Como o Blairo saiu em 2010 para disputar o Senado e a vaga não surgiu, nada aconteceu. Então não tem o que se falar de compra de vagas”, diz Eder.

Já sobre a mudança em seu depoimento, ele alega que foi enganado pelo Ministério Público Estadual.

“O promotor disse que só aceitaria o meu depoimento se ele indicasse o advogado. E isso não pode. Mas eu estava abalado emocionalm­ente”, afirma.

Maggi e mais sete pessoas continuam com R$ 4 milhões bloqueados pela Justiça por suspeita de compra de vaga no TCE-MT.

De acordo com a ação, em 2009 o então deputado estadual Sérgio Ricardo teria pago R$ 4 milhões ao conselheir­o do TCE, Alencar Soares Filho, para ocupar sua cadeira no TCE. Para descaracte­rizar o ato ilícito, Alencar teria devolvido a mesma quantia a Ricardo, dinheiro oriundo de uma factoring, com intermedia­ção de Eder Moraes e aval do governador Blairo Maggi.

Alencar também teria recebido R$ 4 milhões das mãos de um intermediá­rio a pedido de Eder Moraes e com o consentime­nto de Maggi, conforme a denúncia. O atual ministro nega as acusações.

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