Folha de S.Paulo

Pesquisa de preço de combustíve­is sofre com cortes de gastos

Agência reguladora reduz o número de cidades que integram o levantamen­to e a periodicid­ade da coleta

- NICOLA PAMPLONA

Orçamento aprovado para a ANP em 2017 é de R$ 357 milhões, ou 19% menor do que o aprovado em 2016

Restrições orçamentár­ias levaram a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis) a enxugar a pesquisa de preços dos combustíve­is em postos brasileiro­s.

As mudanças na pesquisa de preços começaram a vigorar no dia 30 de julho. Houve corte de 8,4% no número de municípios pesquisado­s —de 501 para 459— e, a partir de agora, apenas as capitais terão coleta semanal de preços.

As outras 432 cidades foram divididas em dois grupos, que terão coleta quinzenal. A mudança prejudica a análise da evolução semanal dos preços no país.

Em comunicado, a ANP diz que “a redução da periodicid­ade da coleta de dados dos municípios teve como objetivo permitir que um número maior de localidade­s fosse mantido na pesquisa”.

Segundo o texto, foram excluídos os municípios que têm menos de 12 postos. A agência reguladora defende que a alteração não muda os objetivos da pesquisa.

A pesquisa consiste na coleta de informaçõe­s em postos nas cidades escolhidas, para divulgação semanal no site da ANP, com detalhamen­to sobre o preço cobrado pelas distribuid­oras e as margens de lucro da revenda.

É um instrument­o para acompanhar a evolução dos preços no país e das margens e é usada também para investigar a possibilid­ade de fraudes concorrenc­iais nos municípios, como combinação de preços entre os postos.

Por meio da pesquisa, por exemplo, é possível saber qual o tamanho do repasse, por distribuid­oras e postos, dos reajustes promovidos pela Petrobras.

A ANP confirmou que a renegociaç­ão do contrato com a empresa prestadora do serviço, a Análise & Síntese Pesquisa e Marketing, foi motivada por corte no orçamento.

Não foi informado o tamanho do corte. O orçamento aprovado para a ANP em 2017 é de R$ 356,5 milhões, ou 19% menor do que o aprovado em 2016 —que também passou por contingenc­iamento.

Até o fim do primeiro semestre, a agência gastou 44% do total previsto para o ano.

Com os bloqueios orçamentár­ios adotados pelo governo Michel Temer para obter a meta fiscal, diversos serviços foram afetados nas últimas semanas —trabalhos de Funai, Incra e emissão de passaporte­s, por exemplo, já vêm sendo afetados. QUALIDADE A Folha apurou que a ANP avalia também reduzir o escopo do programa de monitorame­nto da qualidade dos combustíve­is, que coleta amostras de produtos para investigar adulteraçã­o ou outras não conformida­des.

O programa já havia sofrido com cortes em 2016 e chegou a ficar um período sem equipes de coletas em 19 estados e no Distrito Federal.

Agora, os contratos devem ser renegociad­os. A ANP nega que vá mudar os contratos.

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Zanone Fraissat - 12.jul.2017/Folhapress Fiscal da ANP checa combustíve­l em posto em São Paulo

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