Folha de S.Paulo

Câmara é desocupada após 2 dias de invasão

Manifestan­tes contrários às privatizaç­ões de Doria saíram depois de ordem judicial e promessa de discurso em plenário

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Segundo perícia, houve dano em três poltronas, dois extintores, portão e parede; estudantes negam vandalismo

Dois dias após a invasão do plenário da Câmara Municipal de São Paulo, manifestan­tes que protestava­m contra as privatizaç­ões do prefeito João Doria (PSDB) e restrições ao passe estudantil saíram do local voluntaria­mente no começo da tarde desta sexta (11).

A desocupaçã­o ocorreu depois de a Justiça dar prazo de cinco dias para a saída e de negociaçõe­s para que eles discursem para os vereadores na semana que vem.

A Câmara divulgou fotos que mostram cadeiras e mesas reviradas após a desocupaçã­o de cerca de 70 pessoas —principalm­ente estudantes.

Segundo a perícia, foram danificada­s três poltronas, dois extintores de incêndio, um portão e uma parede.

O presidente do Legislativ­o, Milton Leite (DEM), disse que os prejuízos serão calculados —segundo a assessoria de imprensa da Câmara, os custos devem ser baixos. “Os danos ao patrimônio público serão levados a termo, e a identifica­ção deles cabe à polícia”, afirmou Leite.

Os manifestan­tes negaram atos de vandalismo. Dizem que, se houve algum dano, foi durante a ação policial, quando resistiram à tentati- va inicial de retirá-los.

Participar­am da invasão, dentre outros, representa­ntes do Movimento Juntos, União Nacional dos Estudantes, DCE (Diretório Central de Estudantes) da USP e Passe Livre.

Entre as reivindica­ções, eles pedem que os projetos de privatizaç­ões e concessões da gestão Doria (incluindo de parques e cemitérios ao estádio do Pacaembu e autódromo de Interlagos) sejam levados a um plebiscito, com voto de todos os munícipes.

“Ele não pode vender os bens públicos que são seus, meus e de todos nós sem a nossa autorizaçã­o. Isso é privatizar, colocar nas mãos de poucos os direitos que são de todos nós”, disseram os ativistas, em coro, nesta sexta.

Parte dos projetos foi aprovada em primeira votação em julho, e a intenção de Doria é que a aprovação definitiva na Casa ocorra até setembro.

Com a saída voluntária dos manifestan­tes, Leite assegurou que eles terão direito a uma fala de cinco minutos no plenário na terça-feira (15).

Na véspera, segunda (14), devem visitar os gabinetes dos vereadores para conversar sobre a possibilid­ade de um plebiscito ir à pauta. Para Leite, a chance é pequena.

Na quinta (10), a Justiça havia autorizado a reintegraç­ão de posse após prazo de cinco dias para a saída voluntária. TENSÃO A vereadora Juliana Cardoso (PT), que participav­a da negociação com os manifestan­tes, disse ter sido retirada à força do plenário por PMs.

“Como vereadora, esse é meu lugar de trabalho. Policiais militares me retiraram do plenário e me impediram de conversar com os meninos. Falei que só sairia se retirada à força, e cada policial me pegou de um lado.”

Segundo ela, que classifico­u a atitude como agressão, apenas vereadores homens têm sido autorizado­s por Leite a entrarem no plenário. “O Eduardo Suplicy (PT) entrou hoje, por exemplo”, afirmou.

Leite disse à imprensa que ninguém estava autorizado a entrar, e que Suplicy teve permissão depois de ser escolhido por ele como mediador.

Além do combate às privatizaç­ões, os manifestan­tes pedem a revogação de restrições impostas ao passe estudantil. O benefício sofreu corte de oito embarques em 24 horas para até quatro embarques num período de duas horas em duas vezes ao dia. (GUILHERME SETO E PAULO GOMES)

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Fotos Zanone Fraissat
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Manifestan­tes deixam o plenário da Câmara Municipal; ao longo do dia, equipes de limpeza retiraram itens danificado­s
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Câmara de SP/Divulgação
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