Folha de S.Paulo

Luiz Grande fez da vida no subúrbio um samba

- FERNANDA PEREIRA NEVES GERT MANDEL - Neste domingo (13), às 10h, set. R, quad. 399, sep. 132. FUMICO AOKI MIURA - Neste sábado (12), às 16h, na Paróquia São Lu-

O caviar ele apenas ouviu falar. Teve que lutar pela vida desde criança. Mas no fim de semana, com muito pagode e cerveja gelada, admitia que era um suburbano feliz.

Essas são algumas frases dos sambas escritos por Luiz Alberto Chavão de Oliveira, mas poderiam ser descrições de sua vida e de outros moradores do subúrbio carioca.

Luiz Grande, como ficou conhecido por causa de sua estatura, nasceu em Copacabana, mas cresceu mesmo em Maricá (RJ). Aos 18, deixou a casa da mãe e foi trabalhar, primeiro no Cadeg (mercado municipal do Rio), depois no táxi, onde se estabilizo­u.

À noite, dava uma escapada para o samba, tendo passado pela ala de compositor­es do bloco Coração de Meninas e, mais tarde, da tradiciona­l Imperatriz Leopoldine­nse.

Suas músicas, sempre com um toque de humor e crítica social, chamaram a atenção de outros músicos, principalm­ente, depois que João Nogueira gravou sua “Maria Rita”, em 1978. Vieram então “Xô, gafanhoto”, gravada por Beth Carvalho; “Minha Alegria”, pelo Fundo de Quintal; “Caviar”, pelo Zeca Pagodinho. A lista é bastante longa.

Com seu jeito quieto, era conhecido por alguns jargões, como o “Ooooba” e o “Na Gloria”, e não dispensava a cachacinha e o cigarro.

Fez parte do Trio Calafrio e lançou um disco solo em 2005 —o segundo estava previsto para o próximo ano. Mas Luiz Grande nunca conseguiu viver da música. Saiu de cena sem que o grande público o ligasse aos seus sucessos.

Morreu dia 27, um dia após completar 71 anos, após agravament­o da diabetes. Deixa a mulher, Doris, filhos e netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br EMMEMÓRIA

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