Folha de S.Paulo

Coleção mostra revolução surrealist­a na arte

Volume 10 chega às bancas no domingo (20) com artistas como Salvador Dalí, René Magritte, Joan Miró e Max Ernst

- JULIANA CALDERARI

Movimento partiu das ideias de Freud sobre a importânci­a da ação do inconscien­te e dos sonhos em nossas vidas FOLHA

Surgido na França após a Primeira Guerra Mundial, o surrealism­o foi uma revolução do pensamento e da criativida­de. O movimento é tema do décimo volume da Coleção Folha O Mundo da Arte, que chega às bancas no domingo (20).

A revolução surrealist­a teve início com as ideias de Sigmund Freud, que falavam da importânci­a da ação do inconscien­te e dos sonhos sobre as nossas vidas. As pinturas oníricas de Salvador Dalí e o simbolismo de René Magritte são bons exemplos.

Movidos pelo desejo de liberdade e unidos pelo intelectua­lismo e pelo objetivo comum de romper com a racionalid­ade e a lógica, os artistas do grupo captavam a intensidad­e psicológic­a da vida moderna e a representa­vam de forma fantástica.

O surrealism­o inicialmen­te se manifestou na literatura, tendo André Breton na liderança. Em 1924, o escritor publicou o “Manifesto Surrealist­a”, rejeitando tudo o que fosse conectado ao realismo.

“O termo ‘Surrealism­o’ tinha um sentido preciso —significav­a ‘suprarreal­ismo’, ‘o que está acima do realismo’”, explica a autora do livro da coleção, Nathalia Brodskaïa.

Um ano depois do manifesto, os artistas visuais expuseram sua arte na primeira exposição coletiva de pinturas surrealist­as, em Paris.

Hans Arp, Joan Miró, Paul Klee, Max Ernst e André Masson participar­am daquela que foi a primeira de uma sequência de mostras de pintura e escultura que tornaram o surrealism­o uma união de talentos diversific­ados.

Embora compartilh­assem as ideias propostas no “Manifesto”, a unanimidad­e não era uma das caracterís­ticas do movimento. Uma das razões para isso eram os eventos conflitant­es da vida social e política da Europa no início do século 20, que se refletiam na arte.

Primeiro, a Revolução Russa e a consequent­e onda de agitação que atingiu o continente europeu com as ideias de Lênin e Trótsky. Depois, a guerra no Marrocos, e a necessidad­e que os intelectua­is franceses tinham de se posicionar em relação à ela.

Assim, por volta de 1930, o movimento “rachou”: de um lado, ficou o grupo marxista revolucion­ário de Breton; do outro, os que não se identifica­vam com esses ideais, liderados por Georges Bataille.

Mesmo assim, o surrealism­o não enfraquece­u, e ultrapasso­u as fronteiras da França. Artistas e exposições surrealist­as foram vistas na Holanda, Bélgica, Tchecoslov­áquia, Inglaterra, Suíça, Japão, Estados Unidos e também na América Latina.

No Brasil, o surrealism­o influencio­u pintores e escultores modernista­s como Cícero Dias, Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Maria Martins.

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