Folha de S.Paulo

COMBATE AÉREO

Alckmin faz propaganda de opção pelo voo de carreira contra Doria, que defende uso de jatinho; tucanos rivalizam pela vaga de candidato

- DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin (PSDB) afivelou o cinto e decolou. Mas antes tirou foto para postar em suas redes sociais.

Foi nesta terça-feira (12), ao viajar para Brasília para encontros com representa­ntes do agronegóci­o.

O governador de São Paulo, disposto a turbinar sua candidatur­a a presidente da República em 2018, publicou na internet imagem sua na fila de embarque do aeroporto de Congonhas, antes de pegar um avião comercial.

Alckmin já vinha optando por voos de carreira, mas a exposição da escolha é novidade e ele disse a aliados que só irá usar linhas regulares daqui em diante —ao menos a destinos servidos por elas.

Mais que isso, a opção indica uma tentativa de se diferencia­r do afilhado político João Doria (PSDB), que também se coloca como pré-candidato a presidente e tem rodado o país para eventos.

Só que, no caso do prefei- to da capital, as viagens são em seu próprio jato.

Na mesma manhã em que Alckmin enfrentou fila no aeroporto, Doria defendeu o uso da aeronave particular. Disse, durante evento com executivos em hotel na região da avenida Paulista, que ele mesmo banca seus voos.

“Eu me tornei um empresário de sucesso trabalhand­o. Devolvo meu salário para o terceiro setor, o carro que está aí fora é meu, as viagens quem paga sou eu, o helicópter­o que eu uso é meu, eu uso meu avião. Eu não preciso de dinheiro público para essas coisas”, disse Doria, que tem até wi-fi em sua aeronave.

Os encontros de Alckmin em Brasília estavam em sua agenda oficial. Na legenda da foto em Congonhas, ele escreveu que se tratava de “importante­s compromiss­os em prol da agropecuár­ia paulista”, embora na realidade ele tenha ido para tentar cimentar o apoio do setor a seu pleito presidenci­al e ouvir as queixas dos produtores. ‘TEMPO VAI DIZER’ Doria, que falou sobre seu programa de privatizaç­ões durante a palestra no 15º Fórum Latino-Americano Brasileiro de Liderança Estratégic­a em Infraestru­tura, disse na saída do evento que se sentiria constrangi­do em disputar prévias com Alckmin.

“Eu tenho pessoalmen­te muito constrangi­mento nisso. Gosto muito do governador Geraldo Alckmin, é meu amigo e por quem eu mantenho uma profunda admiração. Preferiria não [disputar], mas o tempo vai dizer.”

Doria, que adotou a estratégia de tentar se fortalecer via pesquisas de opinião para convencer a legenda sobre sua candidatur­a, defendeu que o PSDB também considere a vontade dos filiados.

“Eu não sou contra prévi- as, até porque sou fruto delas. Podemos ter uma combinação entre prévias nacionais, com os mais de 200 mil filiados em todo o país, mas não abdicar da pesquisa, que é um instrument­o legítimo, bom, positivo”, disse Doria.

O prefeito repetiu discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que nesta semana afirmou que as duas ferramenta­s devem ser levadas em conta.

Na palestra, Doria manteve a linha crítica ao PT e ao ex-presidente Lula. Alfinetou o petista ao falar que tudo que conquistou na vida foi trabalhand­o, “não foi roubando, não foi estilo PT, construind­o tríplex, sítio, pedalinho”.

Em outro momento, disse que “R$ 159 bilhões foram roubados da Petrobras. Como a gente pode querer um Estado estatizant­e? Só se for para roubar”. O prefeito criticou o “Estado gordo” e defendeu a “privatizaç­ão gradual” da Petrobras e ainda a fusão do Banco do Brasil e da Caixa. (JOELMIR TAVARES)

 ?? Reprodução ?? Geraldo Alckmin aguarda em fila de embarque de Congonhas, em foto divulgada por ele
Reprodução Geraldo Alckmin aguarda em fila de embarque de Congonhas, em foto divulgada por ele
 ?? Carlos Amastha - 14.ago.2017/Facebook ?? O prefeito de SP, João Doria, ao chegar de jato em Palmas (TO), em visita no mês passado
Carlos Amastha - 14.ago.2017/Facebook O prefeito de SP, João Doria, ao chegar de jato em Palmas (TO), em visita no mês passado

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