Folha de S.Paulo

Rock in Rio, um exemplo

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RIO DE JANEIRO - Começa nesta sexta (15) a sétima edição nacional do Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo. Orçado em R$ 200 milhões, dá lucro antes mesmo de abrir seus portões —seus patrocínio­s superam os R$ 100 milhões, seus 700 mil ingressos (R$ 455 cada) esgotam-se previament­e.

Na visão de seu criador, o publicitár­io Roberto Medina, é o tipo de evento em que o Rio deveria investir, para salvar-se da crise. Com 60% de seu público vindo de fora do Estado, o festival movimenta a economia como poucos.

Tome-se como exemplo a taxa de ocupação de hotéis, que estava em 30% e passou para a casa dos 70% nos finais de semana do RiR. A associação hoteleira estima receita potencial de R$ 74 milhões com hospedagem e arrecadaçã­o de R$ 3,7 milhões em ISS para o município.

Curiosamen­te, apesar de ter criado seu festival na raça em 1985 —perdendo dinheiro, mas sem recorrer aos cofres públicos—, Medina hoje defende que o governo deveria bancar esse tipo de projeto. Após usar isenção fiscal via Lei Rouanet em duas edições do Rock in Rio (e ser bombardead­o por isso), o empresário diz ter aberto mão desse tipo de incentivo só para evitar polêmica.

Sua convicção de que está certo, no entanto, não mudou: para ele, o governo deveria incentivar quem já tem “receita de sucesso”, para não jogar dinheiro fora. Em linha com esse raciocínio, elaborou um plano no qual a Prefeitura do Rio daria R$ 200 milhões para 20 eventos de entretenim­ento privados, como uma edição local do Montreux Jazz Festival.

Por que alguém que tem uma receita de sucesso estabeleci­da precisaria de ajuda governamen­tal não fica muito claro. E, como mostram JBS, Odebrecht e congêneres, o subsídio público direcionad­o aos “campeões nacionais” não raro deságua em corrupção. marco.canonico@grupofolha.com.br MATIAS SPEKTOR

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