Folha de S.Paulo

Em nota, o advogado de Garotinho, Carlos Azeredo,

- LUCAS VETTORAZZO

DO RIO

O ex-governador Anthony Garotinho (PR) apresentav­a seu programa matinal diário na rádio Tupi, no Rio, na manhã desta quarta-feira (13), quando três agentes da Polícia Federal entraram no edifício, em São Cristóvão, zona norte do Rio.

O programa “Show do Garotinho” estava no ar no momento em que os agentes chegaram, para cumprir mandado de prisão domiciliar emitido pela Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro.

Garotinho fazia merchandis­ing de um medicament­o para a próstata quando uma vinheta de intervalo foi chamada. Na volta, o apresentad­or Cristiano Santos assumiu o programa e disse que âncora tinha deixado o programa devido a orientaçõe­s médicas por problemas na voz.

Santos disse que o ex-governador voltaria no dia seguinte. Na verdade, enquanto o programa seguia, Garotinho era levado por agentes da PF de carro a Campos dos Goytacazes, cidade a 270 km da capital onde ele mora com sua mulher, Rosinha.

“O nosso Garotinho até tentou fazer o programa hoje, mas a voz foi embora”, disse Santos. “A orientação é que ele pare de falar e tem que se cuidar”.

A prisão de Garotinho, expedida pelo juiz da 100ª zona eleitoral do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral), Ralph Manhães, foi determinad­a, entre outras pontos, pelo fato de o ex-governador falar demais nas redes.

Ele é acusado de liderar suposto esquema de compra de votos nas eleições de 2016 de Campos por meio do programa social Cheque Cidadão.

O esquema teria dado prejuízo de R$ 11 milhões à prefeitura, e pelo menos 18 mil ações de compras de votos teriam sido realizadas.

Há suspeita de que 20 vereadores eleitos naquele ano tenham sido beneficiad­os com votos do esquema.

Garotinho teve prisão cautelar decretada em agosto no âmbito da operação Chequinho. À época, o político foi acusado de usar seu programa de rádio e seu blog pessoal para constrange­r testemunha­s no processo e atacar integrante­s do Judiciário.

O ex-governador não chegou a ir para a cadeia, alegando problemas cardíacos, e estava em liberdade devido liminar do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que também liberou que ele se expressass­e nas redes. O tribunal entendeu que a proibição configurar­ia censura prévia.

No pedido desta quarta, o juiz Manhães alegou que Garotinho estaria extrapolan­do a liberdade concedida pela instância superior, ao fazer acusações contra membros do Judiciário de forma “totalmente leviana”, num “rompante de imaginação irresponsá­vel”.

No último dia 10, Garotinho publicou longa crítica aos procurador­es e juízes. Ele é conhecido por usar suas redes sociais para atacar adversário­s políticos.

Foi o “blog do Garotinho”, por exemplo, que revelou em 2012 o episódio que ficou conhecido como a “farra dos guardanapo­s”, quando o exgovernad­or do Rio Sérgio Cabral, secretário­s do governo e empreiteir­os foram flagrados festejando em restaurant­e de luxo em Paris.

“Percebe-se que as bravatas do réu não têm limite, não podendo o Judiciário se acovardar ou ficar de joelhos para as suas acusações infundadas e irresponsá­veis”, registrou o magistrado.

Manhães disse ainda em sua decisão que pessoas ligadas ao ex-governador estariam coagindo testemunha­s, o que demonstrar­ia que a suposta organizaçã­o investigad­a continuari­a atuando.

Como não há decisão de mérito na primeira instância, o juiz decidiu pela prisão domiciliar. Garotinho será monitorado por tornozelei­ra. OUTRO LADO

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