Ninguém achava que seria tão forte, diz instrutor resgatado
DE BRASÍLIA
Aviso até que teve, mas ninguém acreditava que o furacão Irma seria tão forte, relata o brasileiro Helton Henrique Laufer, 32, um dos 14 resgatados da ilha de Saint Martin na terça (12) por um avião da Força Aérea Brasileira.
Seis dias antes, passou o dia do próprio aniversário trancado por quase sete horas no banheiro de casa, que tremia. Assim que abriu a porta, encontrou a casa alagada, mas inteira. “Moramos em um condomínio que é bem protegido e no andar de baixo da casa. Nossos vizinhos do andar de cima perderam tudo.”
O medo de um segundo furacão, a falta de energia e a violência fizeram com que o instrutor de mergulho deixasse o lugar e procurasse um abrigo com a mulher, Karen Shiquin, 31. Acolhidos em uma universidade, passaram a ser alguns dos poucos brasileiros na ilha com algum contato.
“Tivemos mais medo do que começou a ocorrer depois do que na hora do furacão. Se não tem água e comida, começa o desespero. Muitos da ilha passaram a assaltar para sobreviver. Outros se aproveitaram para sair e saquear.”
Laufer diz que ele e a mulher estavam dispostos a ir para qualquer outro país para deixar a ilha de Saint Martin.
A espera terminou na terça, quando embarcou com outros sete brasileiros e seis estrangeiros de volta ao Brasil. “Sabemos que alguns brasileiros ficaram para reconstruir a ilha e tentar manter seus empregos. Outros porque não foram contatados.”
Viajando com destino à Curitiba, ainda não sabe se voltará a Saint Martin, onde morava há nove meses, numa tentativa de escapar da crise econômica no Brasil.
“Saint Martin era uma das nossas opções para ter uma vida nova. Mas acabamos caindo no olho do furacão.” (NC)