Folha de S.Paulo

Bancos querem troca rápida e definitiva na presidênci­a da JBS

Instituiçõ­es veem riscos para venda de negócios e pagamento de dívidas do grupo dos Batista

- RAQUEL LANDIM ALEXA SALOMÃO

Empresa já vinha discutindo sucessão, mas para uma transição organizada que poderia durar até 180 dias

Os bancos credores querem uma troca rápida e definitiva na presidênci­a da JBS, após a prisão de Wesley Batista nesta quarta-feira (13).

Se isso ocorrer, os Batistas poderão deixar o comando do império que construíra­m. Seria a primeira vez desde a fundação, em 1953, que a família não estaria à frente de decisões estratégic­as.

Segundo executivos dos bancos, a presença dos irmãos, que já era vista com restrição, passou a ser interpreta­da como um risco para um bom desfecho da venda de empresas do grupo, depois que a Polícia Federal prendeu Wesley alegando que o executivo poderia fugir do país.

A venda dos ativos é prioridade para os bancos, porque se tornou a principal garantia de que a JBS vai honrar a renegociaç­ão de cerca de R$ 20 bilhões em dívidas feita no mês passado. Até agora a empresa tem pago seus compromiss­os.

A reestrutur­ação do grupo vinha tranquiliz­ando os credores. Nas últimas semanas, a J&F, holding dos negócios da família, encontrou compradore­s a bons preços para Alpargatas, Vigor e Eldorado, o que ajudaria a levantar até R$ 14 bilhões nos próximos meses.

No entanto, ainda não entrou dinheiro desses negócios no caixa porque os pagamentos estão atrelados ao acordo de leniência da J&F com o Ministério Público Federal, e a cada reviravolt­a cresce a inseguranç­a em relação à efetiva conclusão dos negócios.

O pior cenário para o grupo hoje seria uma revisão ou anulação do acordo de leniência. O futuro desse acordo depende da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a colaboraçã­o premiada dos Batista, que está em xeque desde que Procurador­ia-Geral da República acusou Joesley de omitir informaçõe­s.

Em reunião de emergência nesta quarta (13), o conselho de administra­ção da JBS preferiu não indicar um presidente interino para o lugar de Wesley. A avaliação da maior parte do colegiado, com exceção dos representa­ntes do BNDES, é que uma mudança agora seria precipitad­a.

A tendência, no entanto, é que a indefiniçã­o não perdure por muito tempo. O mercado parece ver com bons olhos uma troca. As ações da JBS subiram 2,35% para R$ 8,27, apesar da prisão de Wesley —no ano, recuam 27,5%.

A empresa já vinha discutindo possíveis sucessores, mas para uma transição organizada que poderia durar até 180 dias. Agora o processo deve acelerar. Entre os cotados para o cargo, estão Gilberto Tomazoni, Tarek Farahat e Gilberto Xandó, executivos que atuam no grupo.

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