Com atuações sublimes, ‘Deserto’ é para quem ainda prefere poesia
DE SÃO PAULO
Como ator, Guilherme Weber permaneceu por cerca de 20 anos na Sutil Companhia de Teatro, fundada por ele e pelo diretor Felipe Hirsch em Curitiba, em 1993. Formaram uma das parcerias mais inventivas dos palcos brasileiros nas últimas décadas.
Mais adiante, depois de incursões bem-sucedidas como diretor de teatro, em peças como “Os Realistas” (2016), Weber lançou-se como cineasta com “Deserto”, que agora entra em cartaz.
É natural, portanto, que sua estreia na condução de um longa gere expectativa entre aqueles que acompanham sua trajetória. Mesmo esses tendem a se surpreender com o resultado.
Inspirado no romance “Santa Maria do Circo”, do mexicano David Toscana, “Deserto” nos leva a um sertão indeterminado.
Exaurida pela falta de água e, sobretudo, de público, uma trupe de atores decide interromper as andanças para se estabelecer numa vila abandonada.
O grupo conclui que uma nova sociedade só seria viável se distribuíssem ofícios entre si. O sorteio de papeis dá às mulheres as funções de médica, cozinheira e caçadora. Os homens ficam com os encargos de padre, militar, puta e negro, definido como “aquele que faz as coisas que ninguém quer fazer”. ALEGORIA