NEGÓCIO DE FAMÍLIA
Universidade estuda perpetuação de clãs no Paraná na política e em outros espaços de poder
O que você fazia aos 22 anos? Maria Victoria (PP) garantia uma cadeira na Assembleia do Paraná. Filha do ministro da Saúde Ricardo Barros e da vice-governadora Cida Borghetti, ela foi a mais jovem entre os deputados estaduais eleitos em 2014.
Para carimbar o passaporte na política do Estado, a ascendência é fator de peso. Os Barros, os Richa, os Requião e os Rocha Loures são alguns dos grupos que se perpetuam no poder paranaense.
Essas redes de parentesco são analisadas no Núcleo de Estudos Paranaenses da Universidade Federal do Paraná. Ricardo Oliveira, coordenador do grupo e autor do livro “Na teia do nepotismo”, diz que o poder das famílias remonta ao período colonial. “As instituições políticas no Paraná são pesadamente atravessadas por interesses familiares. Alguns grupos estão no poder desde a gênese colonial, no século 18.”
O pesquisador afirma que aqueles que não pertencem a essas famílias se casam com um integrante e, assim, entram e se perpetuam na política do Estado.
Segundo ele, a presença dessas redes não é identificada apenas nos três Poderes, mas também em outros espaços, como no empresariado, no Tribunal de Contas, nos cartórios e na mídia.
“O senso comum é de que o nepotismo é um fenômeno nordestino, arcaico, do passado. A gente mostra que, ao mesmo tempo, é um fenômeno dos lugares considerados mais modernos do Brasil.”
Oliveira diz que a perpetuação de grupos nos espaços de poder estimula o clientelismo e “enfraquece a ideia republicana”. “O Estado passa a ser negócio de família.” Álvaro Dias1 Osmar Dias2 1. Senador pelo Paraná no quarto mandato, é pré-candidato à Presidência pelo Podemos. Foi eleito governador do Estado em 1986. Concorreu novamente em 1994 e 2002 –perdeu na última vez para Requião 2. Ex-senador por dois mandatos até 2011, concorreu ao governo em 2006 e 2010. Nesta última teve como vice Rodrigo Rocha Loures. Deve tentar novamente em 2018