Folha de S.Paulo

Ninguém desiste

- PAULO VINÍCIUS COELHO

O DISCURSO público dos jogadores do Palmeiras contrasta com o que se fala no ambiente interno. “Não acabou! Vamos fortes contra o Corinthian­s.” A frase saiu de dentro do vestiário do Allianz Parque, logo depois do empate contra o Cruzeiro. Contraste com o que se ouviu nos microfones. Ouvia-se: “Foco no G-4.”

O Corinthian­s é favorito ao título. Isso é óbvio.

Daí a Palmeiras e Santos desistirem da briga pela taça vai uma distância grande.

Em 2009, ano da maior virada nos pontos corridos, Mano Menezes dirigia o Corinthian­s e afirmou que seu time não tinha mais chance, na 18ª rodada. O Flamengo virou o primeiro turno atrás do Corinthian­s e foi campeão.

O maior adversário corintiano hoje é a inseguranç­a. Carille testou Camacho no lugar de Maycon, Clayson na vaga de Jadson. Precisa encontrar a medida certa para achar o time novo, depois que a formação titular deixou de ser invicta, semana passada.

Logo depois da derrota para a Ponte Preta, questionad­o sobre a queda de desempenho de Jadson e Rodriguinh­o, respondeu: “Você estão falando só dos dois, e estou falando de todos.”

Há muitas coisas importante­s para a afirmação de um técnico. É preciso convencer a torcida, os dirigentes, a imprensa e o vestiário. Depois de tudo isso, perder os jogadores pelas críticas públicas segue sendo um risco. A linha entre a cobrança e a exposição excessiva dos problemas é muito tênue.

Sob o comando de Alberto Valentim, o Palmeiras ainda não venceu nenhum grande jogo.

É o segundo colocado do returno, melhorou seu desempenho, joga mais com a bola no chão do que fazia com Cuca, mas venceu dois times da zona de rebaixamen­to e os reservas do Grêmio.

Isso, antes de empatar contra o Cruzeiro. Em casa, jogou bem e não venceu.

No segundo turno, o Palmeiras não perdeu como visitante. Mas jogou sete vezes como mandante e ganhou só três. São dez pontos desperdiça­dos. Se estivesse invicto em casa, como está como visitante, teria chance de assumir a liderança neste domingo. Não tem.

Mas, se ganhar em Itaquera, o Palmeiras colocará mais fogo no ambiente já tenso do Corinthian­s.

A distância era de 17 pontos há dez jogos. Hoje, é de cinco.

Faltarão seis jogos, três deles em casa. Se perder pontos como mandante como tem perdido, o Palmeiras não ganhará o título nem vencendo em Itaquera. Mas, se o Corinthian­s perder de vez a paz, a chance aumenta.

A história dos clássicos paulistas, desde 2009, quando o Morumbi deixou de ser o palco dos clássicos paulistas, é dos mandantes. Exceto em Corinthian­s x Palmeiras.

O São Paulo não ganha do Corinthian­s em Itaquera nem do Palmeiras no Allianz Parque. Mas Corinthian­s x Palmeiras não tem lugar. Foram cinco Dérbis em Itaquera, duas vitórias do Corinthian­s, um empate e duas do Palmeiras.

Na nova casa palmeirens­e, os corintiano­s venceram duas vezes, perderam uma e empataram outra.

A última vez que o Corinthian­s teve menos de três pontos de vantagem na tabela foi antes de jogar contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela décima rodada. Uma vitória do Palmeiras não muda o líder. Mas mexe no campeonato.

Se ganhar a partida em Itaquera, o Palmeiras vai pôr mais fogo no ambiente já tenso do Corinthian­s

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