Folha de S.Paulo

Ex-secretária da Cultura nega irregulari­dades

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DE SÃO PAULO

Maria do Rosário Ramalho, secretária da Cultura na gestão Haddad, diz que o processo de escolha da comissão de júri é o mesmo desde a primeira edição do Programa de Fomento à Dança, lançado em 2006 pelo então prefeito Gilberto Kassab, e que seguiu o determinad­o pela legislação.

Afirma também que, ao longo de todas as edições, sete entidades e movimentos, entre os quais o SindDança, a PUC-SP e a Universida­de Anhembi-Morumbi, enviaram nomes para o júri.

“Ao longo das 21 edições, 70 diferentes nomes integraram as comissões”, afirma.

A ex-secretária diz que o resultado do programa é consequênc­ia do fato de a maioria dos grupos não possuir personalid­ade jurídica própria, em razão dos custos de manutenção, optando por se organizar em torno de cooperativ­as.

Além disso, Maria do Rosário ressalta o fato de que a legislação aceita que as cooperativ­as, diferentem­ente dos demais proponente­s jurídicos, apresentem projetos de mais de um núcleo artístico.

“Não há nisso nenhuma má-fé ou prejuízo ao erário”, diz a ex-secretária. “O resultado está ligado à forma de organizaçã­o, não a qualquer acordo entre a municipali­dade e as cooperativ­as que venha a direcionar a seleção.”

Maria do Rosário diz que a gestão Doria distorce as informaçõe­s como forma de desmoraliz­ar o programa. “Em 35 anos de serviços prestados à prefeitura, já vi coisas lindas serem destruídas sem o necessário reconhecim­ento.”

Presidente da Cooperativ­a Paulista de Dança, Sandro Borelli diz que as questões levantadas revelam que a reportagem “não se preparou de maneira adequada para tratar do assunto com profundida­de e transparên­cia”.

Segundo ele, o resultado dos programas “mostra o bom trabalho realizado por nós no âmbito político e cultural”. Para ele “é motivo de satisfação o número de cooperados contemplad­os”.

Diz também que a sua companhia, a Cia Carne Agonizante, concorreu pelas vias democrátic­as como qualquer outro artista e que ele tem qualificaç­ão para ser contemplad­o. “Tenho uma ficha corrida um tanto pesada na dança brasileira, há quem diga por aí que sou uma das referência­s.”

Borelli diz também que Vanessa Macedo, sua mulher, é uma artista criadora atuante na cidade desde 2002 e que o questionam­ento feito “é capcioso e tem caráter machista”.

Rudifran Pompeu, presidente da cooperativ­a de teatro, afirma que o modelo de comitê de júri, com participaç­ão da sociedade civil, é o mais republican­o que existe e que não acredita que tenha sido privilegia­do nas indicações, uma vez que as relações com a gestão Haddad sempre foram tensas.

“Não vivemos um clima de compadrio com quem quer que seja, pois necessitam­os o tempo todo de pressionar os governos de plantão.”

Diz também que a cooperativ­a representa 4.000 artistas e que é natural que inscreva mais projetos nos editais que uma empresa de capital privado com fins lucrativos.

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