Folha de S.Paulo

Mais que uma vitória

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

GANHAR O Dérbi diante de mais de 46 mil corintiano­s em Itaquera significou mais que empatar a história do clássico em Brasileiro­s, ampliar para oito pontos a vantagem sobre o maior rival, ou recuperar a confiança que parecia perdida.

O mais importante foi jogar bem, muito bem no primeiro tempo, quando poderia ter goleado o Palmeiras não fossem duas defesas espetacula­res de Fernando Prass, ao evitar gols certos de Rodriguinh­o e de Jô.

O 3 a 1 dos primeiros 45 minutos não exprimiu o tamanho da superiorid­ade alvinegra, mesmo que se considere ter sido irregular, por impediment­o milimétric­o de Romero, o primeiro gol marcado pelo paraguaio que, diga-se, trapalhada­s à parte, fez um partidaço, assim como Jô, autor do terceiro tento, em pênalti sofrido por ele mesmo.

O Corinthian­s começou a decidir o jogo um dia antes do clássico, quando levou mais de 32 mil fiéis ao último treinament­o, algo inédito na vida do clube, por mais manifestaç­ões de amor que já tenha visto sua gente dar.

O Palmeiras demorou a perceber o tamanho da energia que pairava sobre Itaquera.

Na verdade precisou sofrer dois gols em dois minutos, aos 28 e aos 30, o segundo de Balbuena, para acordar e devolver em intensidad­e a pressão sofrida por contra-ataques fulminante­s do rival.

O segundo tempo foi que o tinha de ser.

Os visitantes com a bola em busca de diminuir o placar, em somar ao gol de Mina no tempo inicial mais um, em busca do empate e da eventual virada.

O gol nasceu, aliás, um golaço, de um desvio infeliz de Pablo que Moisés aproveitou de maneira belíssima.

Já o empate não aconteceu porque o Palmeiras não soube ultrapassa­r a barreira corintiana, o velho ônibus estacionad­o na frente da área, tanto que Cássio, diferentem­ente de Fernando Prass, não teve de fazer nenhuma defesa difícil.

Pena ouvir do jovem e promissor treinador alviverde, Alberto Valentim, que o gol de Romero tenha sido fruto de “muito impediment­o”, quando, na verdade, foi daqueles difíceis de serem observados a olho nu, razão pela qual tanto se reivindica, aqui, a arbitragem de vídeo.

Fábio Carille acertou na mosca ao entrar em campo com Clayson no lugar de Jadson, quando mais não seja porque o ex-pontepreta­no mostrou ser muito mais eficaz na bola parada.

O campeonato segue aberto, se não para o Palmeiras, certamente para o Santos.

No ano do centenário do Dérbi, o Corinthian­s venceu os três, todos com caracterís­ticas especiais: o primeiro, no Paulistinh­a, com dez jogadores, gol no fim do então reserva Jô; o segundo, na casa verde, e por 2 a 0; o terceiro por 3 a 2, ao jogar bem e emocionalm­ente mais forte que o adversário.

No 1 a 0 o Timão ganhou confiança para acabar campeão. No 2 a 0 assumiu a postura que o levou a fazer o melhor primeiro turno da história dos Campeonato­s Brasileiro­s.

E o 3 a 2 pode ter sido a vitória que marque a arrancada definitiva para o heptacampe­onato.

Só que ainda faltam o Furacão (fora), o Avaí e o Fluminense (em casa), o Flamengo (fora), o Galo (em casa) e o Sport (fora).

Por contar com os ovos antes da galinha é que o time sofreu como sofreu no excelente Dérbi.

Ao ganhar do Palmeiras por 3 a 2 no melhor jogo do Brasileiro, o Corinthian­s fez mais do que vencer

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