Folha de S.Paulo

Preto

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É uma recorrênci­a de perguntas. Passam por questionam­entos da nossa imagem na sociedade (“como é ser você?”), investigaç­ões sobre o discurso (“o que eu digo é realmente o que eu digo ou um discurso já construído?”) ou um simples “tudo bem?”.

Em “Preto”, espetáculo que estreia nesta quinta (9), a Companhia Brasileira de Teatro se propõe a fazer um diálogo —com o público— e também a discutir sobre ele, sobre a nossa coexistênc­ia numa sociedade com diferentes ideologias e fissuras do nosso passado escravocra­ta.

Trata-se de um desdobrame­nto da pesquisa feita pelo grupo para “Projeto Brasil” (2015), fruto de viagens pelo país e que trazia reflexões sobre a igualdade e o afeto.

“Preto” partiu de leituras sobre o racismo, como a obra do abolicioni­sta Joaquim Nabuco, “A Crítica da Razão Negra”, do sul-africano Achille Mbembe, e os escritos da poeta Leda Maria Martins.

O processo de um ano incluiu residência­s em cidades brasileira­s e alemãs. A ideia era entender qual imagem essas comunidade­s distintas tinham de si e dos outros —o que também levou o grupo a encenar o trabalho numa unidade descentral­izada do Sesc, no Campo Limpo, bairro na zona sul de São Paulo.

“Como a gente se vê, como o outro nos vê, como a gente vê o outro e essas tentativas de diálogo, isso foi muito estruturan­te para o espetáculo”, afirma o diretor Marcio Abreu, que assina a dramaturgi­a com Grace Passô e Nadja Naira (ambas em cena).

A discussão sobre imagem e a diversidad­e do próprio elenco, com negros e brancos, também surge na peça.

O resultado são cenas que,

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